No capítulo anterior:
"- Volte às 20h00 de hoje. Nesse mesmo lugar. Sozinha.
Quando me virei para perguntar-lhe, ela tinha sumido."
Capítulo 2 - Parte 5 - Uma noite no cemitério
Sei
que não é nada confiável acreditar em uma garota que se encontra duas vezes e
se recusa a dizer o próprio nome, mas ela não me parece ser do tipo trapaceira.
Desde
que eu voltara do cemitério eu estava pensativa, e meus avós perceberam isso.
-
Algum problema, meu bem? – perguntou vovô.
-
Não, nada. – respondi, respirando fundo e tomando uma decisão, completei. –
Hoje irei ao cinema com Catherine e Cáthia.
-
Tudo bem. Eu posso levá-las.
-
Não! – eu exclamei, quase gritando. – Nós não queremos incomodá-los.
-
Não será incômodo nenhum. - vovó respondeu, assustada com meu grito.
-
Eu sei, vovó. Mas nós tínhamos combinado que a mãe de Cáthia iria levar-nos.
-
Está bem. A que horas ela passa aqui?
-
Ela não passará. Eu tenho que ir de ônibus até a casa dela, pois a casa já está
à caminho do cinema.
-
Fará bem para você sair um pouco. – disse vovô, um pouco desconfiado. – Que horas vocês
voltam?
-
Das 21h00 às 22h00. Não se preocupe.
Dizendo
isso, eu saí em direção ao meu quarto. Tranquei a porta.
Meu
celular apresentava 3 chamadas perdidas, ambas de Catherine.
Retornei
a ligação.
-
Me desculpe, Catherine, mas hoje não dá. Quero ficar aqui em casa e descansar.
Estou com dor de cabeça.
Desliguei
o telefone, colocando-o novamente sobre o criado-mudo.
Eu
estava mentindo para meus avós e mais ainda para minha melhor amiga, apenas
para encontrar uma garota misteriosa em um cemitério no meio da noite.
Nada
fora do comum, mas eu deveria ter cuidado.
Olhei
para o relógio. Era 19h00. Provavelmente eu chegaria atrasada, mas não tinha
importância.
Tomei
um banho rápido e me arrumei mais rapidamente ainda.
Eu
precisava parecer bem vestida, para que meus avós não desconfiassem, e ao mesmo
tempo, teria que estar confortável.
-
Estou indo. – avisei, pegando uma pequena bolsa e minha carteira.
-
Tome cuidado querida! E avise quando estiver voltando para irmos buscá-la no
cinema.
-
Não vejo necessidade disso, vovó.
-
Eu tenho experiência de vida meu bem. E eu tenho que te manter em segurança.
Franzi
o cenho e olhei para ela.
-
Em segurança do que?
-
Desculpe sua velha avó. As vezes, ela fala coisas sem pensar. – vovô disse.
Achei
aquilo um tanto estranho, mas eu não poderia indagar aquele assunto, pois o
ônibus estava prestes a chegar.
O
cemitério era bem iluminado naquela hora da noite. Alguns corpos eram velados e
vários parentes sentavam-se em bancos, na mesma estrada de terra a qual eu
passara.
Algumas
pessoas olhavam curiosas para mim, como se imaginassem o que uma garota como eu
estava fazendo ali, sozinha, àquela hora da noite.
O
cemitério fecharia em meia hora, então eu deveria ser rápida.
Adentrei
o outro caminho, pelo qual eu havia encontrado a mascarada.
Essa
trilha estava má iluminada no início, mas quando cheguei exatamente ao meio, um
brilho intenso ofuscou minha visão.
Em
seguida, ele clareou e eu retornei a ver.
Olhei
ao redor mas não encontrei a mascarada.
Virei-me
novamente para a frente.
Encontrei
um objeto estranho que chamou minha atenção. Era uma espécie de diário, com a
capa toda enrugada e envelhecida pelo tempo. Ele apresentava um cadeado
pequeno, mas eu não encontrei chave alguma.
A
parte de trás um nome estava escrito, em uma bela caligrafia.
Sarah Dolman
Que estranho.
Ela tinha o mesmo sobrenome que eu.
- Ei, garota!
Você está aí? – perguntei, mas o que me veio como resposta foram pássaros
cantando baixinho no silêncio da noite.
- Eu sei que
você está aqui! É essa tal de Sarah Dolman? É parente minha?
Dessa vez, eu
senti passos atrás de mim, e virei-me.
Era aquela
garota novamente. A mascarada.
- Então? –
perguntei, motivando-a a me responder.
- Você está
enganada. - sua voz era suave e fina como seda, assim como em meus sonhos, mas a diferença é que desta vez era real.
- Quanto ao
que? - perguntei, confusa.
- Eu não sou
Sarah Dolman. - ela esclareceu.
- Então quem?
Você tem alguma informação sobre ela?
- Sim. – ela
respondeu, vagamente.
- Então
conte-me.
- Não posso. - ela respondeu, me encarando fixamente. - Mas você descobrirá.
- Você não
vai desaparecer novamente, não é?
- Por
enquanto não.
- Por que
chamou-me aqui?
- Para te
contar, mas apenas o necessário. Paul e Anna estão encarregados de contar o
restante da história. Eles já deveriam ter contado à você.
- Contar o
que? Quem são Paul e Anna? – perguntei, ao mesmo tempo que me lembrava de um
sonho que tivera, antes da formatura.
- Você é ela,
não é? – perguntei. – Digo, a garota que eu vi em meu sonho, Victoria?
- Não posso
dizer nada mais que o necessário. – ela respondeu, hesitando.
- Apenas diga
que sim ou não.
- Pergunte à
Paul e Anna sobre Sophie.
- Eu já disse
que não conheço Paul e Anna. – respondi, irritando-me.
- Eles são
mais próximos de você do que pode imaginar. – ela respondeu. Sua voz era tão
suave que eu tive a sensação de estar sonhando. – Eu só lhe peço que proteja
esse diário. A maldição não pode voltar a ocorrer.
- Maldição?
Mas que maldição?
- Natalie! –
uma voz estridente e mandona veio da direção da entrada da trilha. A mascarada desaparecera.
- Vovô? Vovó? Catherine? O que fazem aqui? – perguntei, entre surpresa e amedrontada.
- Eu liguei para
a sua casa, perguntando se você tinha melhorado. – Catherine se prontificou a responder.
– Mas seus avós disseram que você tinha saído comigo. Eles me perguntaram se eu
sabia onde você estava, então eu disse que não, e que você estava agindo estranho
desde que voltamos do cemitério, como se você tivesse visto um fantasma, ou algo
do tipo. Então, eles tiveram a ideia de vir para cá.
- Como sabiam
que eu estava aqui?
- Quando Catherine
falou em fantasma, uma ideia súbita me veio a cabeça. – respondeu vovó.
- Ontem a noite
você nos falou que tinha visto uma garota mascarada.
- Falei? – perguntei,
franzindo o cenho. – Não me lembro disso.
- Mas você falou.
– replicou vovó.
- Ficamos com
medo de que estivesse se encontrando com Victoria!
- Como sabem o
nome dela?
Eles estremeceram.
- Bem, acho que
está na hora de que lhe revelar tudo. Vamos para casa.
- Mas como vocês
sabem que a mascarada chama-se Victoria? – perguntei, insistindo no assunto. – E
qual o problema de me encontrar com ela?
- Querida... –
começou vovô, colocando as mãos sob meus ombros. – Victoria está morta!
***
Olá pessoas.
Eu havia prometido à Mariana que
postaria todas as partes que faltavam do
capítulo 2,
mas só faltava essa parte.
O capítulo 3 começa em breve,
aguardo a opinião de todos vocês.
Beijos,
Juliana.