26/05/2014

Carolzinha!


Sempre que uma pessoa entra em nossas vidas, é para trazer algum aprendizado. Sempre que alguém sai - mesmo que não seja definitivamente - leva consigo um pedaço de nós, deixando na marca da saudade todos os bons momentos vividos.
Não foi diferente dessa vez, e não será nas próximas.
Há pouco tempo, mudei de setor onde trabalho. Encontrar um lugar movimentado e cheio de serviço era o ideal para uma pessoa como eu que estava cansada de receber por não fazer quase nada. Mas quando a mudança aconteceu, eu não ganhei apenas o que eu queria, mas algo a mais do que eu precisava: uma nova amiga.
Carolzinha era o apelido dela. Baixinha e com uma personalidade única, com os cabelos escuros e lisos, maquiada de forma discreta, e uma verdadeira louca apaixonada por Melissas.
Sua função, seria basicamente me ensinar tudo, pois seu contrato já estava com os dias contados. Aprendi algumas coisas rapidamente, embora tenha enrolado mais em outras, mas sempre que tínhamos um tempo livre, parávamos para ler sites de coisas inúteis e fofocar.
Fofoca é um ótimo jeito de se iniciar amizades, e foi o que nos aconteceu.
O tempo passou, outra estagiária chegou, e depois de tanta reviravolta e uma amizade que eu tenho a certeza de que levarei pra sempre, o contrato de Carolzinha chegou ao fim.
Sim, é estranho escrever sobre alguém que eu ainda poderei ver e conversar, mas não será a mesma coisa. Ela já fazia parte da minha rotina.
Já estava acostumada com sua mania de chegar toda manhã com pão de queijo, e esperar pelo café. Pão de queijo puro não mata aquela vontade, a cafeína se fez necessária nos nossos dias.
Me acostumara com aquela mania de escrever no bloco de notas comentários maldosos toda vez que alguém que ela não gostava entrava na sala. E até mesmo, com a nossa divisão de trabalho. Éramos o trio da Diretoria de Projetos. Hoje, apenas a dupla.
São pequenas coisas que fazem a diferença, e eu sei que mesmo com tão pouco tempo de convivência, nossa sala não será a mesma sem ela, e a falta que sua risada faz, só aumentará a cada dia mais.
Esse não é um texto de despedidas. Sei que ainda a encontrarei por aí quando marcarmos de sair pra tomar um Frappuccino na Starbucks. Mas esse texto é de uma saudade irracional. Uma saudade que eu não imaginei que sentiria tão cedo. 
Aquela saudade que me faz chegar no serviço com o pensamento de "As coisas não são mais as mesmas sem você, Carolzinha. Você faz falta." 
Faz falta. Demais. A saudade não importa quando chega, só que quando vem, demora pra ir embora. E tenho a Certeza de que não esquecerei tão facilmente essa amizade que se iniciou entre Processos e Termos de Uso, mas que se estenderá para a nossa vida fpra do trabalho. 
À ela, todo o sucesso, e que possa se lembrar com carinho de todas as nossas risadas mais sinceras. De todo o veneno derramado (convenhamos que não foi pouco). E de todos os bons momentos vividos juntos. 

23/05/2014

Como escrever resenhas literárias?

À pedido da leitora e também escritora, Nanda Silva (Blog Ao Infinito e Além), pesquisei sobre o assunto, e escrevi esse post para você, que, assim como eu e ela, escreve resenhas em um blog, ou precisa disso para algum trabalho de português.
Em primeiro lugar, vamos definir os dois tipos de resenhas: um é a resenha-resumo, o outro é a resenha-crítica.
Resenha-resumo: É simplesmente, um texto informativo. É aquele em que você tem que passar o máximo de informações para o leitor, mas de forma em que fique apenas o que é importante para ele. Ele é usado quando se quer contar ao leitor a história do livro, abordando todos os seus aspectos fundamentais, isso, sem dar a sua opinião sobre o assunto.

Resenha-crítica: É aquela em que você vai contando o que aconteceu, e, ao mesmo tempo, dê a sua opinião em relação à ele. O que você achou sobre o livro? O que poderia melhorar? Qual foi o ponto forte? E o ponto fraco? A narrativa é gostosa de ler ou mais pesada?
Essas são perguntas básicas, entre várias, que você deve fazer a si mesmo na construção de uma resenha de opinião crítica.

Como iniciar uma: A estrutura inicial, pode ser mais ou menos a seguinte:

  • Editora: 
  • Autor:
  • Título do livro: 
  • Ano de publicação:
  • Gênero:
  • Páginas:  
  • Onde comprar: 
  • Skoob do livro:
  • Site do autor: (ou similares)
  • Sinopse: 
Eu nunca coloquei tudo isso numa resenha só, mas caso ache necessário, é uma boa para se organizar. 
Após a sinopse, você pode escrever um pouco mais sobre a história do livro (com mais detalhes que a sinopse contém), expondo seu ponto de vista em relação ao que está sendo dito. 
Depois desse prolongamento da sinopse, você pode falar um pouco sobre o tipo de narrativa (primeira ou terceira pessoa), o grau de dificuldade da leitura, o que você aprendeu com ele, qual personagem mais cativou sua atenção, qual que teve menos mérito. Escreva também, com sinceridade, o quanto você gostou do livro (só "maravilhoso" ou "um lixo" não ajudam em nada, dê críticas construtivas). 
E, para finalizar, você pode deixar uma nota sobre o livro (geralmente é de 0 a 5 estrelas), e dizer se o recomenda ou não. 

Não tem segredos, você tem que escrever o máximo possível para aperfeiçoar. Como escritores geralmente tem um olhar detalhista, quando for ler críticas de blogs mais profissionais, preste atenção na forma como a pessoa escreve e no que é essencial para ela. 

11/05/2014

Mãe, um exemplo de vida!

Não é só pela data de hoje que escrevo isso. Dia das mães é todo dia. Não é hoje. Não será nessa mesma data ano que vem. Hoje é o dia que simbolizamos toda a importância que tão frágil - e ao mesmo tempo,  guerreira - pessoa tem em nossa vida.
Acordei cedo, o que já é rotina há quase um ano. Liguei no celular a única música que tinha no momento para representar esse dia.
Mãe, pra muita coisa eu sei que demorei
E quanto tempo isso faz eu já nem sei
Os anos insistiram em passar, e eu cresci
Não sou fã de sertanejo, mas pra Jorge e Mateus abro exceção as vezes. Abracei minha mãe, que já tão cedo madrugara para lavar a louça que havíamos deixado da janta. Não disse mais do que meia dúzia de palavras, mas muitas vezes, o abraço apertado já diz por si só. Meu humor não é dos melhores pela manhã.
Me joguei no sofá, e comecei a relembrar de momentos tão distantes, mas que tiveram tanto significado para mim. Para nós.
Lembrei de uma história que me contaram sobre um ano antes de meu nascimento. Meus pais, já tinham um filho. Minha mãe, lá pra 1995 engravidara novamente. E dessa vez, eram gêmeos. Nunca foi o desejo dela ter três filhos, dois no máximo já estaria bom o suficiente, mas ela aceitara isso. Infelizmente, o destino resolveu ser cruel com ela, levando em poucos meses de gestação, os dois fetos que mal haviam se formado.
Não sei ao certo como foi sua reação. Ela nunca entrou em detalhes comigo sobre isso. Só sei que foi assim que aconteceu. E pouco tempo depois, seu desejo de ser mãe novamente aconteceu. E dessa vez, não aconteceria um aborto novamente, e ela teria, como sempre quis, seu casal de filhos. O menino, com três anos e meio, e a recém nascida, no final da primavera de 1996.
Gosto de pensar que se os gêmeos tivessem nascido, eu não estaria aqui hoje. Isso me faz pensar no quanto eu devo fazer minha existência valer.
As noites mal dormidas pelo choro de um bebê recém nascido. Todas as fraldas trocadas, toda a dificuldade enfrentada naquela época. É, posso não me lembrar, mas sei que aquela época não foi a das mais fáceis para ninguém da família. Oh, como sei.
O tempo foi passando, fomos crescendo. Ainda lembro da primeira vez que um dente de leite meu caiu. Vovó estava conosco no mercadinho do outro lado da rua. Eu, curiosa e silenciosa como sempre, fiquei atrás delas, e recebi um cotovelada bem na boca. O dente caiu na hora. Cuspi sangue no chão, e mamãe me levou correndo para casa.
Lembro-me bem disso. Ou daquela outra vez em que ela disse que não me deixaria ir para a escola enquanto eu não tirasse aquele dente (acreditem, essa é a maior ameaça para uma garota que sempre gostou da escola). Ou então, a vez que insisti tanto para não tirar o dente, que outro acabou nascendo por cima.
Busquei em minha memória um momento, e milhares de outros vieram. Como aquele em que eu chorei de dor por não conseguir levantar da cama. É, ter problemas de coluna nunca será fácil para ninguém, mas não existiria pessoa melhor para me acalmar naquele momento, do que aquela que me trouxera a vida.
Mas também é bom passarmos o mesmo à elas. Sermos a melhor amiga que estará ali para limpar suas lágrimas sempre que precisar. Sempre que ela não aguentar mais em si mesma. E quantas vezes eu já não fiz isso.
Quantos momentos já abracei minha mãe em prantos, e desejei mentalmente que ela pudesse ser feliz. Ela merecia isso. Por tudo o que já passara, e ainda passava. Ela merecia, e eu desejava isso mais do que a mim mesma. Acho que quando amamos intensamente alguém, a felicidade dela é o que faz a nossa. E ver minha mãe feliz, sempre foi o motivo da minha.
Não sei expressar tão bem esse sentimento, é tanta coisa que fica difícil colocar em meras palavras. Mas um feliz dia das mães - todos os dias - para todas as mães do mundo, pois, não importa o quanto tenhamos raiva muitas vezes, elas sempre serão as primeiras a nos estenderem a mão quando precisamos.
E para aquelas que já se foram, acredite que onde quer que ela esteja, estará orgulhosa do filho que deixou em terra.

08/05/2014

Bel e a criança em mim

Bel costumava existir. Bem, pelo menos para mim. Ela me apareceu quando ainda era uma criança sem o menor entendimento do mundo, e me fez ver as coisas de um modo mais divertido. Nós costumávamos brincar, e ela controlava minha loucura. Tudo isso, pelo menos, dentro de minha própria mente. 
Via seus cabelos compridos e cacheados, no mais forte tom de terra possível. Seus olhos brilhantes e incrivelmente castanhos me animavam nos momentos mais temerosos. Seu sorriso cativante me fazia acreditar na possibilidade de dias melhores. Era incrível, como mesmo não existindo para os outros, naquela época, ela significava tudo para mim. 
Meus dias passaram de forma avassaladora, e como é de praxe, tive que crescer. Os anos parecem tão curtos quando nos lembramos de momentos doces e ingênuos, mas a vida passa voando, levando consigo tanto que era importante.  Bel se foi com a idade, e por muito tempo, me esqueci da importância que ela já teve um dia. Do quanto ela costumava me fazer bem dentro de mim mesma. Tentei deixar vivas as suas memórias. Sou quase adulta na idade, com corpo de pré-adolescente, mas minha criança interior permaneço viva. E essa criança, precisa da Bel novamente.
Não consigo mais imaginá-la como era. Algumas lembranças me restam, mas não muito. Talvez ela fosse uma versão minha mais velha. Como sempre imaginei. 

Sai no dia seguinte bem cedo, e fui em uma loja que fazia esquina com o Mercadão. A loja era toda decorada em vários tons de azul, que iam do mais claro em cima, ao mais escuro na parte de baixo. Olhei a prateleira ao fundo. Ali estava o que eu precisava. Um urso do tamanho de um bebê, segurando um coração que dizia "Amigos para sempre". Dei o dinheiro para a atendente - e uma breve espiadela no gerente, porque não sou de ferro - e saí da loja carregando meu novo mimo, a qual eu chamaria de Bel. 
Cheguei em casa, e tirei Bel da sacola. Já havia passado da idade de brincar de bonecas, mas um urso para recordação nunca é demais. Coloquei Bel no canto de minha cama, e fiquei a observá-la. Esse foi meu modo de trazê-la à vida. Tão simples, tão fácil, tão bobo. 
As vezes, tentando me refugiar de todos, pego a Bel no colo e conto à ela tudo o que se passa. Fico um bom tempo contando, ainda sabendo que não terá retorno nenhum, mas me sinto sempre mais aliviada quando faço isso. Como se a antiga Bel que eu imaginava ainda estivesse ali dentro. 
Mesmo com tantos amigos reais, é bom ter aquele para quem você pode contar tudo, sabendo que ele não irá te julgar. Nem sempre precisamos de conselhos. Muitas vezes o simples fato de termos com quem - ou o que - desabafar, já ajuda muito. 
Afinal, quem é que nunca teve um amigo imaginário e não quis trazê-lo para a realidade?