27/09/2014

PORQUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO? [I'll break your heart] - PART 1 (crônica)

Eu estava sozinha, mais uma vez. Jogada como se fosse um completo nada, o que eu era de fato. Eu não queria estar ali mas eu mesmo me obrigava a estar.
Eu precisava de muita gente que não pode me dar atenção nesse momento. Eu precisa de tudo que me desse atenção e eu não tinha.
Aquela dor remoía cada parte do meu corpo e eu simplesmente não conseguia acreditar o quão burra eu fui e o quão influenciável eu tinha sido por muitos anos da minha vida. Quem sabe não só com ele, mas a verdade é que eu passei toda a minha vida muito tranquila de mim mesma, mas de fato não sabia o que estava na minha cabeça naquele momento.
Era uma manhã de sábado e eu tinha acabado de sair do banho. Estava me arrumando e ao mesmo tempo espiava se nenhuma atualização no Facebook me fizesse instantaneamente parar o que eu estava fazendo e começar a ler. Isso movia meu dia completamente. Batom, rímel e um pouco de blush; peguei meu secador e comecei a arrumar meu cabelo. Parecia que todos na face da terra resolveram não compartilhar coisas legais naquela manhã, nenhum dos meus amigos estavam online. Gus estava trabalhando em uma nova música para a banda. Lika tinha acabado de entrar de férias da faculdade e fora viajar pela Europa, mas minha vida continuava a mesma.
Foi então que eu lembrei de um site onde você entra e conversa com pessoas estranhas de todos os lugares do mundo, um tal de Omegle. No início a ideia era aprender ou praticar uma língua nova, mas como tudo que aparece novo a galera chata tenta de alguma forma deixar chato, tinha muito pornô barato, muito cara fazendo coisas estranhas, muita gente bonita... até que eu finalmente acho um cara interessante e resolvi puxar conversa:

- olá =)

[...]

- então, outro dia eu conversei com um pinguim fantasiado de saci

- HAHA! ele digitava com o pé?

- SIM! e dançava tb!

- não é possível! vc tem as melhores histórias! hahaha!

- me adiciona no msn, você é a primeira pessoa legal que eu encontrei aqui (e a mais bonita tb :$) ed@unknow.com

- hahahahawnn (vergonha)

- não resisti, desculpa! culpa do pinguim!

- hauahuahau!!! aham! vou te achar lá sim ;***

Eu tinha me apaixonado, definitivamente. Para um pessoa que por muito tempo ficou sozinha, isso era o caminho para o paraíso. E eu pensei que tudo seria difícil, monótono e devagar. Até que eu passei bem pelo primeiro teste.
Eu me sentia muito estranha, como se não fosse a mim mesma, como se eu não estive ali ou em outro lugar do espaço. Eu me sentia mais eu. Eu estava amando.
Depois disso eu tentei me concentrar um pouco nas letras de música que o Gus tinha me mandado mais cedo, tentei criar uma melodia mas não conseguia pensar em muita coisa. Esse tal de Ed me deixou nas nuvens. E então meu celular apita e eu vejo que é uma mensagem instantânea da Lika, era uma foto da Torre Eiffel de um ângulo como se ela conseguisse tocar o topo da torre. Fiquei até certo ponto com inveja de não ter aceitado o convite e ter ido com ela,  mas Gus precisa de mim aqui para resolver coisas burocráticas da banda, não hesitei e fiquei.
Resolvi não responder mas tive medo de que ela visse minha visualização, então mandei uma carinha feliz.
No grupo do Facebook ninguém tinha agitado para nada nesse final de semana, o que era um pouco chato passar a tarde toda em casa.

[...]

Eu estava sentada observando as crianças no parque aqui da represa. De certa forma me relaxava, porém eu não queria de maneira alguma pensar em banda, Ed ou viagens por aí.
Acendi um cigarro, abri uma latinha de energético e continuei a observar tudo, a natureza...

- É incrível como aqui é tão diferente não é? - essa voz me assustava e ao mesmo tempo me reconfortava, ela soava logo atrás de mim - Lá fora é tudo uma correria, pessoas atrasadas, tempo para cumprir, coisas para fazer... - vagarosamente ele se aproximara e sentara a meu lado. Era Caio - Eu adoro aqui, é tão tranquilo.

-Sim, é ótimo - tentei responder de uma forma a partilhar toda a filosofia dele. E era disso que eu mais gosta nele, no Caio. Ele conseguia extrair felicidade das coisas mais simples da vida - eu gosto de estar aqui as vezes.

Ficamos por muito tempo ali, parados, observando o que a natureza tinha de melhor. E o sol estava se pondo cada vez mais. Conversamos sobre muitas coisas até que enfim, tive que ir embora. Peguei meu carro no estacionamento, dei uma carona pra ele até o ponto de ônibus e segui caminho até em casa.
O que eu fiz foi ir direto para o computar, adicionei o carinha que tinha conhecido mais cedo, hoje. E por incrível que parece, ele estava online.

** Essa é uma adaptação a animação da MTV, Anna Bee.










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25/09/2014

RESENHA - Divergente (Filme)


Direção: Neil Burger
Roteiro: Evan Daugherty, Vanessa Taylor
Elenco: Shailene Woodley, Theo James, Zoë Kravitz, Ansel Elgort, Maggie Q, Jai Courtney, Ashley Judd, Miles Teller, Kate Winslet
ProduçãoLucy Fisher, Pouya Shabazian, Douglas Wick
Ano: 2014
País: EUA
Gênero: Aventura/Ficção Científica/Ação

 Eu fiquei muito feliz quando soube que Divergente iria virar filme. Eu descobri o livro há algum tempo atrás, 2011 ou 2012. Quando ele finalmente lançou eu resolvi esperar toda essa ''fome''/''necessidade'' de um novo Harry Potter, de um novo Senhor dos Anéis ou de um novo Jogos Vorazes passar para que eu pudesse assistir, e ainda ler toda a saga. Mas eu não consegui esperar tanto tempo e resolvi assistir logo.
O que mais me chama atenção no filme todo é com certeza o cenário. Toda a história de passa em uma Chicago futurística. E realmente Chicago fora remodelada para receber essa história, o que me impressionou muito. Já as atuações deixaram muito a desejar. Pra quem não conhece, ambos os personagens principais, ou a Tris e seu irmão Caleb são os protagonistas de A Culpa É Das Estrelas (filme), o que eu hesitei em primeiro momento e cheguei a duvidar se o filme seria tão bom assim, já que a atuação de ambos, pelo menos em Divergente, está péssima. No final eu acabei lendo o livro, e me decepcionei muito. Eu não sei explicar ao certo todos os pontos que me decepcionaram, mas a história ao todo é um pouco sem graça, principalmente do ponto de vista da Tris que deixa tudo um tanto irritante. Acho que deve ser por isso que a autora, Veronica Roth, lançou um 4º livro da saga, não uma continuação, mas sim um bônus. O livro chama Four ou Quatro. Sim o personagem Quatro na série. Esse livro mostrará toda a história do ponto de vista do Quatro.
Falando aqui e agora, estou mais ansioso para ler logo esse livro. Mas sem previsões de lançamento aqui no Brasil. Finalizando, digo que o filme me ''surpreendeu'' quanto ao livro, mas ainda sim tem muito que evoluir nos próximos 4 filmes, já que a Summit Entertainment resolveu dividir o último filme, Convergente, em duas partes como feito em Crepúsculo, Harry Potter, Jogos Vorazes também terá. Isso apenas pra lucrar mais com as vendas e todos os paranauês. Assim como Crepúsculo evoluiu muitoooo, em termos de fotografia, resolução, enredo após o primeiro filme, fingers crossed para que Divergente melhore. 



Avaliação Final:  

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13/09/2014

Resenha: O caso dos Dez negrinhos

Editora: Abril Cultural (Grandes Sucessos)
Ano: 1981
Autora: Agatha Christie
Gênero: Ficção policial e de mistério (Literatura inglesa)
Título original: Ten Little Niggers
Sinopse:  Dez pessoas são convidadas pelo misterioso U.N. Owen para passar alguns dias numa ilha perto de uma aldeia pouco movimentada. Os convidados aceitam o convite e de igual maneira embarcam num barco local para a ilha. Na primeira noite, quando todos já se conheciam razoavelmente bem e conviviam animadamente na sala, ouve-se uma voz vinda das paredes da sala, acusando cada um dos dez presentes de ter cometido um crime, crime esse que apesar de ser despropositado ou inevitável, levou à morte de outras pessoas. O pânico instala-se e mortes inexplicáveis se sucedem, tendo por única pista uma trova infantil.

Resenha: Ilha do Negro. O cenário onde se concentra a trama instigante do livro. No começo, a autora faz uma apresentação dos personagens principais, e a forma como cada um receberá o convite do misterioso U. N. Owen, convidando eles para irem à Ilha. Eles aceitam o convite, e chegam à Ilha, mas o Sr. Owen não estava lá, haviam apenas dois funcionários, cumprindo ordens em seu nome. Durante o jantar, uma fita começa a tocar e seu som se expande por todo o cômodo, dizendo o nome de cada pessoa que ali está, o crime por ele cometido - todos os convidados já estiveram envolvidos em um assassinato, de forma direta ou indireta.
Os personagens ficam preocupados, pois sabem que os crimes apontados são verdadeiros (embora tentem à todo custo provarem o contrário).
Um começa a acusar o outro, onde vários suspeitos são levantados. Eles fazem uma procura na Ilha em busca desse Sr. Owen, mas definitivamente, estão sozinhos nela e o pior, não tem como eles saírem.
O caso começa a ficar mais interessante quando a primeira pessoa morre, após se engasgar com seu drinque depois do jantar. A segunda, caiu em um sono profundo e morreu dormindo.
Não poderia ser coincidência, ainda mais depois deles descobrirem os versos de uma antiga história infantil britânica, que parecia estar citando as mortes das pessoas que na Ilha estavam... 

"Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove; 
Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito! 
Um deles cai no sono, e então ficaram oito. 
Oito negrinhos vão a Devon de charrete; 
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete. 
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis 
Que um deles se corta, e então ficaram seis. 
Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco; 
A um pica a abelha, e então ficaram cinco. 
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares; 
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares. 
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez. 
O arenque defumado, e então ficaram três. 
Três negrinhos passeando no Zoo. E depois? 
O urso abraçou um, e então ficaram dois. 
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum; 
Um deles se queimou, e então ficou só um. 
Um negrinho aqui está a sós, apenas um; 
Ele então se enforcou, e não ficou nenhum."

Conforme as mortes vão acontecendo, menores serão as suspeitas, e mais instigante o livro se torna. Um fato que achei interessante, é que a autora compara o comportamento dos últimos sobreviventes com o de animais, pois é assim que eles começam a agir: de forma irracional, jogando a culpa um no outro e querendo se verem livres daquilo.

Quando chegamos ao penúltimo capítulo, parece que tudo o que aconteceu até então ficará sem fim nenhum, até que, eis que somos surpreendidos nas últimas páginas, com uma carta do Assassino explicando tudo o que eles havia feito, e qual dos personagens era ele o tempo todo... 
Para os amantes do bom e velho romance policial, recomendo a leitura. Se você já leu, releia. Se não gosta de romance policial, garanto que esse livro fará sua curiosidade se aguçar. 

03/09/2014

O Espelho de Cristais

Dia desses, peguei minhas malas, e fui para o interior de Minas. Gosto de calma e tranquilidade,  as vezes, ter um refúgio é a única forma de manter a cabeça limpa da tumultuada São Paulo. Dirigindo pelas estradas cheias de curva, deparei-me com um casarão antigo de família. Ninguém morava lá, estava completamente abandonado.

Estacionei o carro nos grandes portões, e fiquei a admirar a paisagem. Quais seriam as histórias que já haveriam passado por ali? Talvez, em algum momento tivesse sido o ponto de escape entre dois corações apaixonados. Poderia ter sido o local onde acontecera algum assassinato, ou simplesmente, um local bonito, sem nenhuma história para contar.

- Até parece! - dei de ombros, tirando a chave e trancando as postas do carro. Minha curiosidade já havia me levado para imensidões, mas sempre faziam-me voltar à realidade. O vazio me atraia tanto quanto o silêncio. Não haviam pássaros nas árvores, apenas galhos secos que entravam em atrito com o som de minhas pegadas ao serem pisados. Não há nada como uma natureza silenciosa, onde o único passo que você ouve atrás de si, é o seu próprio.

Caminhei pela pequena estrada onde o mato se anunciava, e passei por uma pequena ponte de madeira quebrada. As cordas bambas que prendiam um lado ao outro faziam meu coração dar pulos.
Segui incessante pela estrada afora, passando por uma imensa porta do Hall de Entrada. Estava simplesmente encostada, como se já soubesse da minha chegada. Subi as escadas. A vista lá de cima deveria ser bem mais bonita.

Droga! Esqueci minha câmera no carro. Pensei, assim que já estava no topo da escadaria. Um quarto estava aberto e claramente iluminado pela luz solar. Nas paredes, haviam algumas paredes com palavras manchadas em vermelho.

- Que estranho! - exclamei, me aproximando, mas o que me chamou a atenção mesmo, era um objeto gigantesco do outro lado do quarto. Um espelho à moda antiga, levemente sujo mas ainda conservado. Desde que eu entrara, aquele me parecera ser o único objeto limpo do Casarão, como se poeira nenhuma pudesse penetrá-lo. Sua moldura era cercada por pequenos cristais, e bem no topo, um cristal maior pendia, chamando minha atenção. Levada por minha curiosidade, toquei-o. Senti uma sensação gélida passar por dentro de mim, fazendo os pelos de meus braços eriçarem. Que estranho! 

Voltei a exclamar, ainda achando aquilo fora do comum. Encostei meus dedos sob a superfície do espelho, e leves ondas pareceram flutuar dele. Sua superfície não era lisa, como se fosse uma mola que se estendia ao ser tocada.

Olhei para meus dedos, acreditando estar ficando doida, mas uma ideia súbita havia invadido minha mente. Sem nem pensar duas vezes ou olhar para trás, mergulhei para dentro do espelho. O que encontrei do outro lado, mudou minha vida para todo o sempre...


Conheça as participantes do projeto:

Nota da Autora: Como é apenas uma crônica para a nossa TAG Palavras, não terá continuação ;)