03/09/2014

O Espelho de Cristais

Dia desses, peguei minhas malas, e fui para o interior de Minas. Gosto de calma e tranquilidade,  as vezes, ter um refúgio é a única forma de manter a cabeça limpa da tumultuada São Paulo. Dirigindo pelas estradas cheias de curva, deparei-me com um casarão antigo de família. Ninguém morava lá, estava completamente abandonado.

Estacionei o carro nos grandes portões, e fiquei a admirar a paisagem. Quais seriam as histórias que já haveriam passado por ali? Talvez, em algum momento tivesse sido o ponto de escape entre dois corações apaixonados. Poderia ter sido o local onde acontecera algum assassinato, ou simplesmente, um local bonito, sem nenhuma história para contar.

- Até parece! - dei de ombros, tirando a chave e trancando as postas do carro. Minha curiosidade já havia me levado para imensidões, mas sempre faziam-me voltar à realidade. O vazio me atraia tanto quanto o silêncio. Não haviam pássaros nas árvores, apenas galhos secos que entravam em atrito com o som de minhas pegadas ao serem pisados. Não há nada como uma natureza silenciosa, onde o único passo que você ouve atrás de si, é o seu próprio.

Caminhei pela pequena estrada onde o mato se anunciava, e passei por uma pequena ponte de madeira quebrada. As cordas bambas que prendiam um lado ao outro faziam meu coração dar pulos.
Segui incessante pela estrada afora, passando por uma imensa porta do Hall de Entrada. Estava simplesmente encostada, como se já soubesse da minha chegada. Subi as escadas. A vista lá de cima deveria ser bem mais bonita.

Droga! Esqueci minha câmera no carro. Pensei, assim que já estava no topo da escadaria. Um quarto estava aberto e claramente iluminado pela luz solar. Nas paredes, haviam algumas paredes com palavras manchadas em vermelho.

- Que estranho! - exclamei, me aproximando, mas o que me chamou a atenção mesmo, era um objeto gigantesco do outro lado do quarto. Um espelho à moda antiga, levemente sujo mas ainda conservado. Desde que eu entrara, aquele me parecera ser o único objeto limpo do Casarão, como se poeira nenhuma pudesse penetrá-lo. Sua moldura era cercada por pequenos cristais, e bem no topo, um cristal maior pendia, chamando minha atenção. Levada por minha curiosidade, toquei-o. Senti uma sensação gélida passar por dentro de mim, fazendo os pelos de meus braços eriçarem. Que estranho! 

Voltei a exclamar, ainda achando aquilo fora do comum. Encostei meus dedos sob a superfície do espelho, e leves ondas pareceram flutuar dele. Sua superfície não era lisa, como se fosse uma mola que se estendia ao ser tocada.

Olhei para meus dedos, acreditando estar ficando doida, mas uma ideia súbita havia invadido minha mente. Sem nem pensar duas vezes ou olhar para trás, mergulhei para dentro do espelho. O que encontrei do outro lado, mudou minha vida para todo o sempre...


Conheça as participantes do projeto:

Nota da Autora: Como é apenas uma crônica para a nossa TAG Palavras, não terá continuação ;) 

4 comentários:

  1. Nossa não vai ter continuação? faz
    JU

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    1. Hahaha, então... não pretendo fazer continuação, mas nunca se sabe.

      Abraços.

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  2. O que é essa tal " TAG de palavras"?

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    1. É uma TAG criada pela Luisa, do Degladê Invisível, e todo último dia do mês temos que postar um texto referente à uma palavra dada. Atrasamos um pouco dessa vez, por isso postei no início desse mês, não no final do mês passado.
      A palavra do mês era espelho, então todas as participantes tiveram que fazer um texto com esse tema.

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