31/12/2015

Que nos reste o que foi bom!


Este ano me mastigou, por inteiro, e agora está deglutindo os pedaços. Aos poucos. Quem sabe me desfazendo em milhares peças, não posso me encontrar inteira no final? 

Se fosse enumerar as tragédias que no mundo ocorreram, não sobraria espaço em tão poucas linhas para falar das coisas que foram boas. Aquelas que nos tomaram a curva de nosso sorriso, nos fizeram soltar suspiros de felicidade. Existiram tão bons momentos e de pureza singela, mas sinto em lhe dizer, meu caro, este ano não foi fácil, não. 

Mas ainda nos resta a glória de estarmos vivos, após tantas derrotas. E agora, isso me basta. Ah, e como basta! Pelo menos, por ora. Me cansei de tantas chuvas tempestivas que balançaram meu barco que nem pronto estava para navegar.

Não quero me gabar, mas de tantas batalhas travadas, nem todas elas tiveram resultados ruins. Também atingimos nosso êxito, afinal! Em tantos momentos que estive perdida pela escuridão, a sua luz sempre me bastou para que me guiasse pelo caminho que me restava.

Foi o ano que vi muitos partindo. Quando a dor me partiu. Quando fui forte nos momentos em que perdia horas de minha vida fazendo aquele Trabalho de Conclusão do Curso, apenas para ter mais um diploma emoldurado em minha parede, que em nada combina com a vida a qual tenho pretensão de levar.

E se me perguntar se valeu a pena, direi que cada segundo valeu.

Pois a vida me ensinou a agradecer mais pelas coisas boas, do que passar o resto de meus dias reclamando das ruins.

E das que não deram certo, então? Não, meu caro!

Não adianta vi aqui, agora, e reclamar uma vez pela imensidão de coisas que não deram certo. Aceite a sua parcela de culpa, e saiba que ficar aí no canto reclamando de tudo, nunca mudou a vida de ninguém.

Se quer que o ano novo seja diferente, então faça você a mudança acontecer. Pois assim que o relógio apontar meia noite, muita coisa ficará para trás.

O que quero comigo?

Que me reste apenas aquilo que me foi bom. Para as coisas ruins da vida, nós viramos a página e seguimos como sempre deve ser: Em frente!

29/12/2015

Star Wars: O Despertar da Força

 “As histórias são verdadeiras! Todas elas! O lado negro, os jedis! Eles são reais.” anunciava Han Solo no trailer de Star Wars – O Despertar da Força. O mesmo Han Solo que já havíamos visto em outro trailer, depois de anos sem pilotar a Millenium Falcon, entrar na icônica nave e avisar seu inseparável amigo: Chewie! Estamos em casa!

Ficava claro desde então que aquelas palavras não se direcionavam apenas ao Chewbacca. Num dos mais belos momentos de metalinguagem do cinema recente, Han Solo estava falando com a gente do lado de cá da tela. Nós, os fãs. Nós que durante mais de 30 anos pensamos nunca mais ver a Millenium Falcon voar em um novo filme de Star Wars, nós estávamos em casa.

Poucas vezes trailers foram tão honestos. O que Han Solo queria nos dizer é que o que estaríamos prestes a assistir não era apenas um filme sobre batalhas espaciais, sabres de luz e criaturas fantásticas numa galáxia muito distante. Era muito mais que isso. Este era um filme sobre acreditar nessas histórias e ama-las como se fossem reais. Um filme sobre nós, os fãs.

22/12/2015

Para onde levaram meu Ipê amarelo?


Éramos uma pequena família do interior. Não tínhamos nada na vida, a não ser nós mesmos, e por muitos anos, isso nos bastou. Os lagos eram de águas cristalinas, representavam a pureza que ainda existia em nossos corações enquanto crescíamos.

As folhas das árvores eram tão coloridas, que enchiam os olhos de esplendor. A minha favorita era o Ipê amarelo que ficava bem na porteira. Alta, de tronco marrom vívido e fino como um bambu. Os galhos que se estendiam pareciam uma bela cabeleira de mulher vaidosa: rica em cores. Detalhes tão impressionantes aos olhos, que nada passava despercebido.

O amarelo era tão intenso quanto a luz do Sol. E durante muitos anos, por mais que nada possuíssemos, o Ipê amarelo sempre foi nosso refúgio. Sempre foi o algo que não era nosso, mas de algum modo, nos pertencia.

Admirávamos a beleza que nele existia, e no desabrochar de suas folhas em toda Primavera. Era lindo de se ver. Lindo, lindo, lindo. Mas o tempo passou. E ele nos levou para outra direção. Vocês terão uma vida melhor, diziam. Vocês terão alguma coisa na vida. Algo pelo qual valha a pena viver. E nisso acreditamos.

Éramos uma pequena família do interior, que nada possuía a não ser sua bondade no coração. Éramos a família que não tinha tudo o que precisava para viver, mas vivia com aquilo que possuía, pois era o essencial.

Por muitos anos foi essencial, mas ali descobrimos que não cabia o amor que tínhamos no peito. A correria da cidade grande não permitia passagem para sentimento bom. Não, senhor! Tudo era pressa. Correria. Incompreensão. Já não conhecíamos mais nem a nós mesmos. Estávamos em outra selva. Metrôs sempre lotados. Correria para todo lado.

Trabalhar para ganhar a vida. Mas a vida já estava ganha, e eles desperdiçavam o pouco que tinham fazendo aquilo que não amavam. Para serem alguém na vida. Todos queriam ser alguém na vida. Mas tornavam-se apenas máquinas sem rosto em uma multidão.

Pareciam tão iguais, embora fossem diferentes. Em mim ainda habitava o velho sonho que tive um dia: de ser feliz com o pouco que tinha. A vida poderia até não ter dado muito à nós, mas sempre nos bastou o que possuímos um dia.

E ali, naquela selva de cidade, diziam que isso não era nada. Não havia importância nas pequenas belezas que sempre admiramos. Para onde levaram meu Ipê amarelo?

Por favor, o tragam de volta. Ele é o pouco que ainda me resta de esperança.

Cecília Albuquerque. 

20/12/2015

Lançamentos que você deve conferir

Todos que acompanham o blog já devem ter reparado na quantidade de postagens que fiz falando sobre algum livro da Editora Arwen. É uma Editora ainda iniciante no mercado, mas que já vem conquistando um vasto público com seus livros de diagramações excelentes, e escritores talentosos.

A Editora se tornou parceira do Ser Escritor(a), então em breve trarei resenhas de todos os livros que eu ler da Arwen.

Vamos conferir os lançamentos de Dezembro?

Sinopse de A Escolhida: 

Em uma cidade repleta de pessoas desconhecidas, Ari poderia ser apenas mais uma garota perdida na multidão, como tantas outras que foram abandonadas pelos pais. Através de sua aparência impecável e feições delicadas, ninguém conseguiria supor quem ela é e o que gosta de fazer: Ari é um anjo com sede de sangue, sempre disposta a ceifar novas vítimas.
Porém, tudo muda quando é capturada por dois feiticeiros e levada para o círculo, lugar onde eles vivem sob a liderança de Egran, um líder cruel que não mede esforços para conseguir o que quer. Em meio a tantas mudanças repentinas, Ari terá de enfrentar suas próprias convicções a fim de descobrir um lado seu que não imaginava existir. Será que o amor vai fazer brotar a alegria em seu coração? Ou ele irá arrastá-la diretamente para a morte? Ari será capaz de finalmente superar seu passado sombrio ou irá sucumbir a ele, deixando pelo caminho mais um grande rastro de destruição?
Lançamento: 04/12/2015. 

Sinopse Spettacolo: 
De um lado temos a história de Hiram, um misterioso e sedutor artista de circo que se apresenta fazendo shows com fogo. De outro, a história de Maria Luisa, uma moça insegura, levando uma vida monótona em uma cidade pequena do interior.
Ele possui segredos de um passado doloroso que desvenda com a ajuda de uma fotografia rasgada e o diário de sua mãe, morta no incêndio ocorrido durante o show de mágica quando ainda era criança.Ela sofre com uma mãe distante e um namorado indiferente, entediada com sua vida dolorosamente comum.
Eles levam vidas completamente diferentes, mas, de alguma forma, o destino os cruza durante um espetáculo em que Hiram é hipnotizado por um par de olhos azuis que o fitava, admirado, na plateia. 
Em meio a encontros e desencontros, seus estilos de vida serão postos à prova, fazendo-os encarar seus piores pesadelos e repensar tudo aquilo em que acreditavam na tentativa de viver esse grande amor.
Lançamento: 10/12/2015. 

Sinopse A Fada Madrinha
Uma princesa mal humorada. Um príncipe nada encantado e uma fada para lá de atrapalhada.
Isso vai terminar em casamento ou em uma grande confusão?
O sonho da fada Emily sempre foi ser responsável por um “Felizes para Sempre” e ela está disposta a tudo para realizar seu sonho.
A princesa Cate nunca quis o seu “Felizes para Sempre”, mas não está nada conformada com seu destino.
Harry não está nem aí para o “Felizes para Sempre”, só quer se livrar da chata da Cate.
Quando todos precisam trabalhar juntos para restaurar a ordem no mundo das fadas, o que era importante torna-se insignificante e grandes verdades são reveladas. Tudo com muito humor e diversão.
Lançamento: 14/12/2015. 

Sinopse de Lexus
Na cidade de Campos Elíseos, onde todas as condições de vida eram ideais, houve uma catástrofe de proporções inimagináveis. Tomados pelo terror, a verdadeira face da humanidade se revela ─ fria e cruel.
Bianca, uma adolescente comum, jamais imaginaria que faria parte da história. Jamais iria supor que ela seria a esperança para a cura da raça humana. Numa aventura cheia de perdas e de descobertas, só existe um objetivo: sobreviver.

Lançamento: 17/12/2015. 




Sinopse Diários de Extermínio, a guardiã (Capa oficial não divulgada). 
DESCUBRA, SOBREVIVA, DESEJE
O crepúsculo de todas as batalhas se dá nos momentos mais tenebrosos que existem. Assim como as noites mais obscuras, o mundo é um lugar sombrio, cheio de segredos.
Quando o universo estava afundando em seu momento de maior lástima, os Guardiões surgiram para trazer o alvorecer, a luz e a paz de volta ao universo, ao nosso mundo e à Terra. 
Meu planeta natal, Zodark, foi destruído pela ganância de meu povo, e a Terra está prestes a ser destruída também, pelo mesmo motivo. Mas eu não permitirei.
Meu nome é Lilian Moore, eu sou uma Guardiã, a que salvará a Terra e Zodark. Pelo menos é isso que eu espero! 
A Guardiã traz uma história épica, cheia de ação, aventura e ficção. Uma distopia feita para agradar a todos os públicos.
Lançamento: 30/12/2015. 

Todos os livros podem ser adquiridos aqui: Arwen Store
Não deixe de garantir o seu exemplar, e deixe nos comentários qual foi a capa/ sinopse que mais te interessou. 

Grande abraço, 

Juliana R. 

16/12/2015

Entrevistando: Sergio Rossoni, autor de Birman Flint

Sergio Rossoni é o mais novo parceiro do Ser Escritor(a). Conversei com a Assessora dele por e-mail, e ela foi a mediadora da entrevista que fiz com o Sergio, hehe. O meu exemplar do livro chegou hoje (e claro, farei a resenha dele assim que possível). 

Vamos conhecer um pouco sobre o Sergio? Ele é psicanalista (já simpatizei), escritor, ilustrador e músico. Possui um vasto currículo de realizações em sua vida profissional. Na carreira de escritor, Sergio usou influências da cultura russa na construção de seu livro. 

Ficou interessado? Então venha conferir essa entrevista super bacana que fiz com ele! 

Ser Escritor(a): Como você descobriu a vocação para a escrita?

Sergio Rossoni: A vontade de escrever nasceu da paixão por livros. Desde pequeno, sempre estive acompanhado por livros de aventura e ficção, além de adorar desenhar pequenas histórias que eu mesmo criava adaptando personagens do cinema. O desejo de escrever histórias de aventura sempre me acompanhou de alguma maneira, porém, foi como psicanalista que passei a escrever alguns artigos desenvolvendo assim o hábito da escrita, buscando mais tarde em oficinas literárias, a melhor maneira para desenvolver algumas técnicas que me ajudaram e ajudam muito no processo de escrita.
Quanto a descoberta da vocação, acho que ainda estou descobrindo isso, com muita vontade e entusiasmo.

S.E.: A trama do seu livro, Birman Flint e o Mistério da Pérola Negra, teve por base a cultura russa, e em especial, o assassinato da família Romanov. Como tudo isso lhe inspirou na construção do livro?

S. R.: Acho fascinante e triste o mistério em torno do assassinato dos Romanov. Um período da história que parece atrair muitos historiadores ainda hoje, onde personagens como Rasputin ainda encantam não somente estudiosos, mas principalmente o imaginário coletivo.
De alguma maneira, o cenário juntamente com a cultura russa, isto sem contar com sua arquitetura incrível, foram objetos do meu interesse muito antes de começar a escrever o livro. Sou apaixonado por história e costumo me aventurar pesquisando sobre alguns países que de alguma forma combinam com a minha personalidade.
Quando comecei a escrever Birman Flint, de alguma maneira a Russia e sua história se fizeram presentes de maneira automática, inconsciente, e sabia que a  trama, de certa forma, acabaria por envolvê-lo numa aventura por terras cuja beleza se contrastava com sua frieza e escuridão, como a Russia daquela época, onde conspirações políticas acabaram por derrubar a dinastia Romanov. Quando imaginava Flint, o via mergulhado neste universo, porém, num mundo imaginário, convivendo com personagens que de certa maneira, representam algumas destas figuras, como se assim, pudesse reescrever seus destinos.

10/12/2015

Lispector, Lispector: 38 anos sem a Grande Bruxa da Literatura Brasileira

Ontem (09 de dezembro), fez 38 anos desde que a grande Clarice Lispector faleceu. Uma das maiores influências na literatura brasileira, Clarice foi uma mulher de grande personalidade e ar misterioso. Tanto, que suas obras literárias são objeto de estudo de diversos especialistas no mundo, e muitos deles ainda não conseguiram desvendar as complexidades que existiam por trás das palavras de Lispector.

Considerada a maior romancista do Brasil (não é para menos), ela escreveu para jornais desde cedo, e possui diversas crônicas que foram publicadas no Jornal do Brasil, possui 9 romances, 9 livros de contos, 4 livros infantis, e fora 11 livros publicados postumamente (com compilados de crônicas e contos que ela havia escrito).

Clarice escreve de uma forma bagunçada. Como se não se incomodasse em passar para o papel tudo o que lhe vinha à mente, por mais que não se encaixasse no texto desenvolvido. E, apesar da forma 'bagunçada', ela criou seu próprio estilo de fazer de sua escrita uma verdadeira arte, extremamente revolucionária para a época que viveu, trazendo diversas reflexões sobre a alma humana.

Um exemplo de mulher, uma inspiração de escritora.

Reuni algumas obras da grande escritora, para quem não leu nada que ela já tenha escrito, vale a pena a leitura. Mas mergulhe com todo seu coração nas obras de Clarice, pois ela vai transbordar sua alma!

Sinopse: A escultora G.H. nos conta sua experiência vivenciada a partir do instante em que entra no quarto da ex-empregada, vê o surgimento de uma barata no guarda-roupa e a esmaga na porta. Daí em diante, tomada por uma mistura de medo e repulsa, G.H. vive com a barata durante horas e horas a sensação de ter perdido a sua "montagem humana". A incapacidade de dar forma ao que lhe aconteceu, a aceitar este estado de perda, a leva a imaginar que alguém está segurando a sua mão. Desta maneira, o leitor passa a viver junto com a personagem esta experiência singular.

Trechos: “O que eu era antes não me era bom. Mas era exatamente desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro. (…) Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.

“Minha pergunta, se havia, não era: “que sou”, mas “entre quais sou”.


Sinopse: Como em todas as obras de Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres é um ponto de vista feminino a respeito da vida. Lóri, na verdade, é a personagem central, enquanto Ulisses ocupa um papel secundário, mero referencial para os pensamentos e atitudes de Lóri. O livro conta, acima de tudo, a viagem empreendida por Lóri em busca de si própria e do prazer sem culpa. Uma viagem na qual Ulisses funciona como um farol, indicando onde estão os perigos e o caminho correto para a aprendizagem do amor e da vida.

Trechos: "E 'eu te amo' é um farpa que não pode se podia tirar com uma pinça." 

"E o que o ser humano mais aspira é tornar-se 'humano'." 

"Você precisa andar de cabeça levantada, você tem que sofrer porque você é diferente dos outros (...) Você não precisa de companhia para ir, você mesma é bastante. 

04/12/2015

#1. O mundo precisa do que você tem a proporcionar!


Estou começando uma série de dicas para novos escritores, sobre algumas coisas que aprendi durante estes anos. Sei como é complicado achar um caminho com tantas possibilidades, e quando você começa algo, não sabe muito bem como deve prosseguir.

Mas, você sabem o quão árdua é a jornada do escritor. Tá achando que é só sentar na frente do computador, e escrever um arquivo com um monte de baboseira, que estará pronto? Não! Não é só escrever. O processo da escrita exige esforço. Noites sem dormir. Pesquisas intensas. E quando você acha que já escreveu tudo o que podia para o seu livro, irá perceber que ele até pode estar finalizado, mas não estará pronto.

E para ser sincera, ele nunca estará completamente pronto. Sempre haverá algum detalhe que poderia ser diferente. Algo que você achará que está ótimo, mas meses após, perceberá que não deixaria aquilo do jeito como está.

Diante de tanto trabalho e dor de cabeça que você terá no futuro, é importante nunca desistir. E posso te afirmar: você pensará em desistir inúmeras vezes antes de conseguir chegar onde quer. A diferença entre aqueles que realizam o sonho, para os que não conseguiram, está na persistência.

Lembre-se do seguinte: Onde você está no momento em que desiste, é o mais próximo que esteve de realizar o seu sonho. Certo? Então não pense em desistir, independente das adversidades que você encontrar pelo caminho.

Escrever é uma arte. E nenhuma arte é igual à outra. Ninguém no mundo pode proporcionar aos leitores aquilo que só você poderá proporcionar para eles. (E para aqueles que estão lendo, não são escritores, mas possuem algum sonho, o conselho é válido da mesma forma). Só você pode dar ao mundo o que você guarda dentro de si.

E quer saber de mais uma coisa? Existirão diversas pessoas por aí dizendo que já existem muitos escritores no mundo, e que talvez isso não seja para você. Mas tudo bem. Não importa o que os outros digam. O que conta, é esse sentimento que bate forte no seu peito.

Quer ser escritor? Então pare de dar ouvidos às regalias alheias, e vá traçar o seu caminho. O mundo precisa daquilo que você tem a proporcionar, pois a sua arte é única. Então, faça bom proveito!

Fiquem ligados. O próximo Guia do Escritor será sobre Como Iniciar o Livro. E não se esqueçam de curtir a página da Rainha da Epifania no facebook. 

Abraços,

Juliana R.

02/12/2015

Resenha: Preciso te contar um segredo, M. S. Alves


Conheço o Matheus há algum tempo, pelo Facebook. Ele me enviou esse livro faz mais de 1 mês (embora só tenha chegado a exatamente 1 mês atrás), e agora que estou desempregada e sem escola, resolvi de uma vez por todas iniciar a leitura. 

O livro é bem fino. Tem apenas 165 páginas, foi publicado pela Chiado Editora em 2015. 

Sinopse: Em uma viagem pela juventude atual, "Preciso te contar um segredo" mostra a ideia de vida pela perspectiva do protagonista Bruno. Um garoto vivendo exposto às drogas, mas que foi diagnosticado com medublastoma - um tumor nas células neurais - tendo seu tempo de vida encurtado drasticamente. O livro apresenta, de forma implícita, como boa parte dos jovens têm noção de suas inconsequências, mas mesmo assim estão dispostos a pagar por estas. Junto ao seu amigo Marcel, Bruno faz o possível para tirar algum proveito dessa desventura. 

Com um título para lá de instigante (que por acaso, também é a primeira frase do livro), Matheus fala sobre Bruno Green, um jovem que acabou de descobrir que está com câncer no cérebro, e com poucas semanas de vida. Bruno deve lidar com as consequências disso, mas tenta viver a vida o quanto pode: através de sexo sem compromisso, ida em festas, e pelo consumo de maconha. 

E, claro, ele não está sozinho nessa: seu melhor amigo, Marcel, o incentiva cada vez mais a consumir estas coisas. Somos apresentados aos poucos à outros amigos do protagonista, e tenho que dar ponto para a criatividade do autor na escolha dos nomes de alguns personagens: Pâncreas e Freud (sim, Freud como o Psicanalista! haha).

De início, só o Marcel (além da família do Bruno), sabe sobre a doença, mas depois ele conta para seus amigos o que está acontecendo.

O livro se torna um tanto confuso em algumas partes, mas é por causa das alucinações que o Bruno tem que enfrentar, então vez ou outra, encontramos algumas partes que parecem desconexas, mas representam uma das consequência da doença dele.

E com o tempo, nos acostumamos aos momentos completamente fora do comum, e ainda mais, aos pensamentos filosóficos que surgem a partir disso. 


A linguagem do livro é bem jovial, tanto que em alguns momentos senti que eu fazia parte de uma grande conversa com o Bruno, e não que aquilo tudo era parte de um livro. De forma descontraída, o Matheus faz inúmeras referências (principalmente à músicas que conhecemos), e escreve tudo com uma boa dose de humor, enquanto dosa com o peso que a doença tem.

Gostei especialmente do capítulo final, principalmente a última frase. Foi uma ótima reflexão que, sem sombra de dúvidas, toma um pouco de nosso tempo para pensarmos sobre aquilo. E outro detalhe bem diferente que gostei também, foram os pensamentos de cada personagem após o último capítulo. Bem criativo!

Os únicos pontos que não gostei na narrativa, foram os acontecimentos que se desenvolveram de uma forma muito rápida, e a falta de detalhamento para os personagens e ambientes. Mas dá para relevar! ;)

Recomendo aos amantes de literatura nacional.

Onde comprar: Livraria CulturaChiado Editora, ou diretamente com o autor: Matheus S. Alves
Curtam a página do livro: Facebook - Preciso te contar um segredo

Abraços,

Juliana R.

30/11/2015

Entrevistando: Marcela de Luca


Olá, amados!

Ultimamente tenho conhecido vários escritores. Não tive tempo de entrevistar todos ainda, mas estou programando um cronograma bem legal com novidades para o blog.

Conheci a Marcela no Facebook, e de cara já me apaixonei pela capa do livro dela, Dois Lados de um Coração, romance de estréia que saiu bem Editora Arwen pouco tempo atrás. Fiz parceria com a autora, e logo já tive a ideia de entrevistá-la para o blog. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa autora que é uma fofura de pessoa, e seu livro?

Biografia: Nascida em 1994, interiorana de São Paulo. Leitora compulsiva e consumidora excessiva de livros, foi incentivada desde cedo a adquirir o hábito de leitura. Cursa faculdade de Letras - Tradução e Interpretação em Inglês, dividindo sua rotina entre ser estudante, tradutora, professora e escritora.

Todos a postos, vamos à entrevista!

S.E.: Como foi seu primeiro contato com a escrita? Quando soube que era a hora de escrever um livro?
Marcela: Eu participava de uma comunidade no Orkut (Sim, faz tempo hahahaha) da Turma da Mônica Jovem. Foi bem quando lançaram o mangá. O pessoal da comunidade escrevia fanfictions sobre a Turma da Mônica e eu achava demais. No começo, só participei lendo as histórias. Até que um dia pensei em arriscar a começar a escrever também. Passei alguns anos escrevendo e publicando algumas fanfics e histórias originais no site Nyah! Fanfiction e cativei muitos leitores. Dois Lados de um Coração era uma das histórias que eu postava lá. Foi quando terminei de publicá-la, que meus leitores encheram minha caixa de mensagens, pedindo continuação e que eu transformasse aquela história em um livro.

S.E.: Quais as maiores influências sobre você no momento da escrita? (podendo ser escritores, livros, séries, filmes, etc.).
Marcela: Como sempre digo, os livros da escritora nacional Samanta Holtz, e a própria Samanta me incentivaram muito a escrever. Foi lendo as histórias dela que senti que era aquilo que queria para mim. E o ator que fazia o Clark Kent na série Smallville serviu de inspiração para criar o meu personagem Thomas Hunter. Tudo bem que agora eles não são nada parecidos, mas me ajudou muito hahahahaha.


S.E.: Ter seu trabalho publicado e reconhecido é o sonho de qualquer escritor. Como está sendo para você a realização desse sonho?
Marcela: Eu ainda acordo todas as manhãs e parece mentira que consegui publicar um livro. Há um ano eu estava desanimada e triste à procura de uma editora. Apesar de ouvir de muita gente que eu não podia desanimar, isso aconteceu. Eu sabia que era difícil, mas não sabia que era tanto. Quis desistir várias vezes, confesso. Mas o sonho de ser escritora, uma escritora com um livro publicado, falava mais alto. Talvez a ficha demore a cair, mas eu estou adorando. Hahaha!

S.E.: Por que você escolheu a Editora Arwen?
Marcela: A Editora Arwen me acolheu de braços abertos. Quando mandei meu original para eles, bateu aquele medo que sempre dava quando mandava o livro para alguma editora: “eles nem vão me responder” ou “será que vai ser mais um não?”. Mas isso não aconteceu (ainda bem!). Eles foram muito atenciosos e quando vi, Dois Lados de um Coração já era um sonho realizado.


S.E.: De onde surgiram as ideias para Dois lados de um coração? Conte-nos um pouco sobre ele.
Marcela: Tudo começou com um sonho que tive, em janeiro de 2011. Nesse sonho, havia uma cabana na Itália e logo associei com o livro/filme “Sob o Sol da Toscana”, que é meu livro/filme favorito. Apesar de a minha história se passar nos Estados Unidos, uma bela parte dela se passa na Toscana. Depois de sonhar com isso, fiquei dias pensando em escrever algo que pudesse ter essa cabana. Minha amiga Priscila (que conheci escrevendo fanfics) me ajudou muito. Sempre falo que nunca vou conseguir agradecê-la o suficiente.
Então, logo surgiu Dois Lados de um Coração, que é uma história cheia de amor e fortes emoções.

S.E.: Um problema eminente em todo escritor é o bloqueio literário. Como você lida com isso?
Marcela: Faz tempo que esse bloqueio literário não me larga, viu?! Ultimamente temos andado juntinhos, mas sei que a culpa é da faculdade e do trabalho. Está um pouco difícil lidar com tudo ao mesmo tempo. É muita coisa para fazer e escrever acaba ficando em segundo plano. Porém, quando consigo escrever e o bloqueio vem, eu corro ouvir músicas, ver algumas fotos, filmes românticos ou ler algum livro, que a inspiração logo volta.

S.E.: Como você vê o atual mercado literário brasileiro?
Marcela: Eu acho que o mercado literário tem crescido bastante. Estou vendo muitos escritores nacionais excelentes por aí. A cada dia eu me deparo com pessoas talentosas e dedicadas, que fazem por merecer o espacinho que tem nesse mundo da literatura. Sabemos que não é fácil entrar nesse mercado, mas também temos grande consciência que é extremamente satisfatório e maravilhoso fazer parte dele.

S.E.: E para finalizar, deixe um recado para os leitores e um conselho que gostaria de ter recebido quando iniciou o interesse pela escrita.
Marcela: Você que já leu ou ainda vai ler Dois Lados de um Coração, sabia que quando ler cada palavrinha contida naquele livro, estará lendo um sonho meu transformado em realidade. É com muito prazer que compartilho desse sonho com vocês.
E você que também sonha ser escritor, aqui vai um conselho que recebi quando decidi publicar um livro: Não desista! É sério! Talvez não seja fácil, mas tenha certeza que vai ser maravilhoso no final! No que eu puder ajudar, conte comigo!
Um super beijo!

Conheça melhor a Marcela, acessando sua rede social: Facebook
Para comprar o livro e ler a Sinopse: Arwen Store

E fiquem atentos. Em breve terá resenha do livro! ♥

Abraços,

Ju Rodrigues. 

27/11/2015

Especial: A Saga do Tigre, Colleen Houck

Fonte da imagem: Livros com resenhas

Qualquer pessoa imersa no universo literário já deve ter ao menos ouvido falar na Saga do Tigre. Um sucesso imensurável em 18 países, o primeiro livro (A Maldição do Tigre), foi lançado em 2011. Os direitos autorais foram comprados para o ramo cinematográfico, com previsão de estréia do filme para 2016.

Comecei a ler o primeiro livro recentemente, mas esta postagem é um pedido especial de uma leitora aniversariante. Então, vamos conhecer um pouco mais sobre os livros?

Sinopse: Paixão. Destino. Lealdade. Você arriscaria tudo para salvar seu grande amor? 

Kelsey Hayes perdeu os pais recentemente e precisa arranjar um emprego para custear a faculdade. Contratada por um circo, ela é arrebatada pela principal atração: um lindo tigre branco. 

Kelsey sente uma forte conexão com o misterioso animal de olhos azuis e, tocada por sua solidão, passa a maior parte do seu tempo livro ao lado dele. 

O que a jovem órfã ainda não sabe é que seu tigre Ren é na verdade Alagan Dhiren Rajaram, um príncipe indiano que foi amaldiçoado por um mago há mais de 300 anos, e que ela pode ser a única pessoa capaz de ajudá-lo a quebrar esse feitiço. 

Determinada a devolver a Ren sua humanidade, Kelsey embarca em uma perigosa jornada pela Índia, onde enfrenta forças sombrias, criaturas imortais e mundos místicos, tentando decifrar uma antiga profecia. Ao mesmo tempo, se apaixona perdidamente tanto pelo tigre quanto pelo homem. 

25/11/2015

Pare tudo e assista: Jessica Jones

Já fazia um bom tempo desde que foi anunciada a adaptação da HQ sobre a heroína Jessica Jones, para a série em parceria da Marvel e Netflix.

A estória se passa na mesma localização que Demolidor (que foi adaptado para série em April de 2015), o bairro Hell's Kitchen. A série conta com a atuação de Krysten Ritter na pele de Jessica, que de início chama a atenção por ser uma mulher forte e determinada.

Jessica é uma ex super-heroína, que ainda com sequelas de seu passado, abre uma agência de detetive particular. Uma mulher desbocada, moderna e livre, com vícios em álcool, Jessica surpreende por não ser o esteriótipo de heroína perfeita, mas ao contrário, seus defeitos e inseguranças são muito bem demonstrados.

10/11/2015

Você está do avesso


Meu querido,
Escrevo-lhe pois ultimamente tenho estado tão cansada de mim mesma, que tenho que compartilhar isso com alguém. Talvez você fique cansado também, mas não tem importância.

Será que hoje vai chover ou o céu só fechou para mim? Não sei porque insisto em escrever coisas tristes, sendo que neste momento tudo em minha vida está caminhando perfeitamente bem.

Decidi que não importa quantas vezes isso se torne necessário, querido, mas sempre que eu cansar de quem sou, me permitirei um novo recomeço, pois a vida se renova a cada dia.

Acredito que essa seja a graça do primeiro dia de um mês. Do amanhecer do dia 10. De uma segunda-feira qualquer e a famosa "dessa vez eu começo minha dieta". É a graça do ano novo, de uma semana nova, de um novo dia: acreditar que a vida está renascendo a cada dia que passa.

Quero renovar aquela esperança que me fazia ter brilho nos olhos, mas preciso que algo termine para ganhar meu tão esperado renovo. E tenho medo disso.

Ah, eu tenho tanto medo de uma nova vida, quanto tenho de não conseguir novas oportunidades. Os anos foram passando e eu me deixei passar com a vida.

Ela veio diante de meus olhos, e alçou vôo como uma poderosa águia pelo campo. Os anos passaram. Não me tornei a escritora que sempre quis ser, mas isso, admito, foi culpa minha.

Quem sabe o que os próximos amanheceres não reservam a mim?

Os anos se passaram. E embora eu saiba que tanta coisa mudou, por que ainda sinto aquele imenso vazio lá no fundo? Tudo parece outro. Tudo parece diferente. Ousado. Peculiar.

Está tudo novo. Eu sou uma nova versão de mim mesma. Mas ainda sinto como se nada tivesse mudado. São meus sentimentos que ainda pesam quando subo na balança?

Quero poder lhe contar as novidades com o mesmo entusiasmo que as recebo, mas tenho estado tão do avesso que nem mais sei o que me é entusiasta.

Os anos se passaram.

Passaram-se como um instante percorre o fundo de meu olhar, e tomam a minha íris de cor. Passou. Tudo passa.

E se tudo passa, passarei eu também pela vida enquanto ela me percorre? Não sei o que acontece. Só sei que tudo está tão diferente que no íntimo parece que nada nunca mudou.

Eu estou do avesso. Mas você está neste avesso comigo. Ou vai me dizer que também não reparou que a vida andou tão depressa que nos deixou para trás?
Os anos passaram tão rápidos. E eu ainda sou aquela menina insegura que vivia inebriada em sua timidez.

Passaram-se os anos. E mesmo virada ao contrário e perdida no mundo que criei para mim, não quero perder tudo outra vez.

09/11/2015

Cecília Meireles: 51 anos sem a poetisa


Hoje faz 51 anos desde que Cecília Benevides de Carvalho Meireles (sim, eu pesquisei o nome completo no Wikipédia.), deixou nosso mundo. Ela, que foi - e ainda é - um dos grandes nomes da literatura nacional, minha Musa inspiradora em poemas, dona de uma sensibilidade admirável sobre o mundo.

Para quem já teve a sorte de se deliciar com um de seus poemas, entende a leveza à alma que boa parte deles trazem. Alguns, podem até mesmo nos levar à reflexão e a pensamentos tristes pela profundeza de significados que carregam, mas todos, são especiais a seu modo.

Quer conhecer um pouco do trabalho dela? Selecionei meus poemas favoritos para vocês!

Pássaro da Lua 

Pássaro da Lua, 
que queres cantar, 
nessa terra tua, 
sem flor e sem mar?

Nem osso de ouvido, 
pela terra tua. 
Teu canto é perdido 
pássaro da lua... 

Pássaro da lua, 
por que estás aqui?
Nem a canção tua 
precisa de ti. 


Cântico VI

Tu tens um medo: 
Acabar. 
Não vês que acaba todo o dia. 
Que morres no amor. 
Na tristeza.
Na dúvida. 
No desejo. 
Que te renovas todo o dia. 
No amor. 
Na tristeza. 
Na dúvida. 
No desejo. 
Que és sempre outro. 
Que és sempre o mesmo. 
Que morrerás por idades imensas. 
Até não teres medo de morrer. 

E então, serás eterno. 


Retrato 

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos vazios, 
nem o lábio amargo. 

Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração
que nem se mostra. 

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face? 


Cântico XIII

Renova-te. 
Renasce em ti mesmo. 
Multiplica os teus olhos, para verem mais. 
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo. 
Destrói os olhos que tiverem visto. 
Cria outros, para as visões novas. 
Destrói os braços que tiverem semeado, 
Para se esquecerem de colher. 
Sê sempre o mesmo. 
Sempre outro. Mas sempre alto. 
Sempre longe. 
E dentro de tudo. 


Cântico II

Não sejas o de hoje. 
Não suspires por ontens. 
Não queiras ser o de amanhã. 
Faze-te sem limites no tempo. 
Vê a tua vida em todas as origens. 
Em todas as existências. 
Em todas as mortes. 
E sabes que serás assim para sempre. 
Não queiras marcar a tua passagem. 
Ela prossegue:
É a passagem que se continua. 
É a tua eternidade. 
És tu. 


Gostaram? Já conheciam algum poema de Cecília Meireles? Quero saber o favorito de vocês, hein! 

Até a próxima, Ju Rodrigues. 

06/11/2015

Primeiras impressões #3: Sombras do Medo - Camila Pelegrini


Sombras do Medo trata-se de uma Distopia Fantástica, com um enredo tão atual que em apenas 23 páginas que li, me peguei pensando na crítica abordada pela autora: a forma como temos cuidado do nosso planeta. 

O mundo do Sombras se passa em uma época além do nosso tempo, onde nossos recursos naturais estão extinguidos. As árvores foram devastadas, a água restante é em pouca quantidade e destinada aos mais ricos e poderosos. O mundo foi dividido em duas partes, separado por uma grande muralha (estilo Muro de Berlin na década de 60), separando os ordinários dos singulares. 

Ordinários se refere à população pobre, enquanto os singulares são aqueles que possuem condições "menos piores". Além disso, o mundo é dividido em 5 capitais. De início, não é dito quase nada sobre cada capital, mas, obviamente, a autora deve ter explorado muito bem durante o livro. 

A estória do livro é contada em terceira pessoa. Achei uma leitura bem agradável, especialmente nas primeiras páginas (prefácio e prólogo). 

A raça humana encontra-se no fim da linha,
exatamente onde seus passos a levaram. 
Não é a primeira vez que isso acontece, 
mas é a pior. 
Talvez por já ter errado tantas vezes. 
Talvez por não ter aprendido em nenhuma delas. 
Parece sempre esquecer as dores 
e as lições que se escondem 
por trás das guerras, revoltas, holocaustos e desastres retratados
em seus livros de história. 
De qualquer forma, 
desse erro não poderão ser culpados novamente, 
pois não sobrará ninguém para se lembrar. 

Não falarei muito sobre os personagens que foram apresentados, pois ainda não formulei nenhuma opinião/ teoria sobre eles. Mas a maneira como a Camila descreve as cenas, faz com que os leitores sintam o sofrimento que os ordinários passaram. Todo o sofrimento que eles estavam vivendo, e as reflexões que a Anabela fazia (que, acredito eu, seja a personagem principal), traziam uma crítica camuflada sobre o nosso estilo de vida. 

Nessa mania que possuímos em não nos importarmos com o que a natureza nos oferece. Que tantos desperdiçam horas em banhos, enquanto eles não possuíam água suficiente para tirarem a sujeira do corpo. Essa crítica que a autora apresenta sobre o desmatamento (pois sim, eu acredito que mesmo não tão diretamente, tudo que foi abordado foram críticas que a escritora fez sobre as pessoas ao seu redor. Sobre nós mesmos, e a importância pífia que damos à natureza). 

O mundo que Camila criou, em alguns momentos, não parece tão distante da nossa realidade, e sim, consequências das atitudes que tomamos. Como eu li apenas 23 páginas, não vi o lado fantasia do livro, ainda (mas sei que tem), embora o distópico tenha ficado bem claro. 

Ela está de parabéns pelo livro, pela forma como abordou esse assunto tão importante e o trouxe à uma distopia. A autora é bem talentosa, escreve de maneira leve, fluída e envolvente. Certamente, é um livro que quero adquirir e saber o restante do que acontece. 

O livro está em pré-venda pela Editora Arwen, e você pode adquiri-lo aqui.

31/10/2015

Especial Halloween: A Casa de Bonecas


As paredes de madeira lisa eram arranhadas pelo som estridente de unhas pontiagudas. As correntes chocavam uma contra a outra formavam um barulho agudo de funções ensurdecedoras. O tilintar de louça de porcelana atracada contra o chão.

As velas dos candelabros quase se findavam, em um pequeno amontanhado de cera que escorria pelas extremidades dos objetos. A iluminação precária fazia os dedos gélidos de minhas mãos suarem como nunca antes, e ainda trêmula, avancei pelo cômodo perturbador.

Bonecas de porcelana estavam dependuradas, que incindiam do teto, escorrendo pelo fio grosso até metade do cenário. Eram bonecas cujas feições imitavam com tamanha perfeição a face humana. Seus olhos de íris coloridas eram tão brilhantes que em muito pareciam reais.

As bonecas enfeitavam o cômodo, e apesar de cobrirem boa parte das paredes, ainda não eram capazes de esconder os arranhões de garras afiadas, a tinta vermelha em sangue que já estava seca na parede, mas escorrida anunciava repetidamente as palavras "Salvem-nos".

O som das correntes tornavam-se estridentes, somando-se aos chiados soltos pelo escuro. Fui até o meio do cômodo, abafando o lamurioso ruído que chegava. O clima não poderia estar mais tenso. Meu coração já batia tão acelerado, descompassado dentro de mim em um ritmo frenético que puxava e retraía, quando aquela mão pesada pousou sob meu ombro.

- Ótimo lugar para um primeiro encontro! - debochei, virando-me para encarar a feição assombrada do rapaz que acabara de chegar. Bernardo possuía as vestes amarrotadas, e sujas pelos ferrões do portão que certamente ele havia pulado. Seus olhos azuis me encaravam de cheio, com um brilho tão intenso que eu poderia passar a noite toda a encará-los, esquecendo das bonecas que antes me causavam nervoso.

- Ora, É Halloween, Natalie! - respondeu ele, apertando delicadamente em um gesto de carinho minha bochecha. - Não vejo lugar melhor para isso. Além do mais, você sabe que tudo o que ronda estes arredores são lendas urbanas, certo?

Assenti, pegando em sua mão. Já havia ido longe demais por aquilo, e agora nem adiantaria voltar atrás. Deveríamos encarar a casa de horrores, por mais que minha consciência gritasse que devêssemos ir embora de vez.

- Só você mesmo, viu. Para me meter nestas enrascadas. - nos entreolhamos, seguindo rumo para o próximo cômodo com as lamparinas tremeluzentes.

- Prometo que te manterei segura. - ele deu um sorriso de canto, apoiando o braço sob meus ombros. 

- É mais fácil eu proteger você! - afirmei, e ele me lançou um olhar de esguelha. 

A Casa de Bonecas estava há tempos interditada. O encanamento já não mais funcionava, as instalações elétricas eram pífias, e toda iluminação que contávamos no momento era das velas infindáveis que incindiam sob os candelabros podres.

Os pisos de ladrilhados xadrez bambeavam conforme nossos pés tocavam o chão. O ruído das correntes intensificava, o cheiro de sangue invadia nossas narinas, me embrulhando o estômago. Daquela vez, o odor era bem mais forte do que no outro cômodo, e avançámos conforme nossas mentes mantinham-se curiosas, mas ainda receosas de que o cheiro de sangue fosse mais recente do que pensamos. 

Mas não seria possìvel. Não, não! A Casa estava interditada e não existia nenhuma presença ali além de mim, Bernardo, e as Bonecas que em cada canto da casa estavam.

- Não estou gostando disso, Ber. Vamos embora! - o puxei pelo braço, mas ele apenas afirmou. 

- Eu já disse que te protejo. Fique sossegada! 

- Sei me cuidar sozinha, Bernardo. Mas você sabe que sou sensitiva. Não tô gostando desse lugar. 

Ele se virou para mim, desta vez, olhando-me profundamente nos olhos. 

- Tudo bem! Devo respeitar sua vontade. É só que, eu gostaria que fizéssemos algo diferente. Sabe como é, primeiro encontro. 

- Venha, vamos sair daqui! - peguei novamente em sua mão, já dando meia volta para deixarmos o local, quando as portas bateram. 

- Caramba! - arregalou os olhos para mim. - Deve ter sido o vento, Natalie! Só isso. 

Olhei para sua feição assombrada. Seus olhos quase saltaram das órbitas, sua pele esbranqueceu. 

- Olha só quem está com medinho agora! - satirizei, indo em direção à porta. - Não tá abrindo. 

Antes que ele pudesse responder, seu corpo foi jogado para trás em uma rajada só, prendendo nas correntes  de ferro que agora emitiam mais barulho. 

- Bernardo? - gritei desesperadamente, correndo em sua direção. As bonecas de porcelana despencaram de uma vez só em minha face, me envolvendo num emaranhado. 

Uma delas ficou bem à minha frente. Seus olhos de bolinha de gude estavam vívidos. Um sorriso surgia na face gélida.

- Ahhh! - gritei fortemente, afastando as bonecas de mim. Mas quanto mais o fazia, mais elas se aproximavam. 

Os ruídos na escuridão foram substituídos por um som abafado e repetitivo que dizia: Salvem-nos. 

★★★★★★★

Acordei em minha cama, olhando meu relógio de pulso que estava sob o criado-mudo. Eu iria me encontrar com Bernardo na Casa de Bonecas, pois aquele seria nosso primeiro encontro. 

- Ah, que sonho estranho! - pensei, não conseguindo conter meu nervosismo pelas bonecas assombrosas. 

Me guiei até a escrivaninha. A mesa estava uma baderna, mas a primeira gaveta estava metade aberta.

Não costumava ser tão desorganizada. Mas daquela vez, a gaveta não estava fechando, por maior a força que eu impunha nisso. 

- O que é isso? - exclamei, abrindo a gaveta por completo e deixando a mostra a boneca de porcelana que ali estava. 

Ela usava um vestido de seda azul escuro de olhos incrivelmente castanhos e chamas flamejantes na cabeça. 

Ela parecia comigo. Uma cópia idêntica minha em face gelada de porcelana.

- Não! - exclamei a tomando em minhas mãos. 

Aquilo só poderia ser uma brincadeira de péssimo gosto. Num impulso, joguei a boneca contra a parede de meu quarto, e logo ela se quebrou em mil pedaços pelo chão. 

Da cabeça da boneca um líquido pastoso fluiu. Era vermelho e de cheiro forte.

Aquilo era sangue. Sangue humano! 

Dei dois passos para trás, na tentativa de me afastar do sangue que corria e delineava os móveis de meu quarto. 

O sangue tomou forma. E no piso de meu quarto, formou-se a palavra: Salvem-nos. 

(Conto baseado nos livros da Trilogia Meninas de Seda - meus livros).

17/10/2015

Entrevistando: Tati Rodrigues, autora de Prospecto

Hello, guys!

Faz tanto tempo que não entrevisto nenhum escritor, que já nem me lembro qual foi a última vez. Mas agora, voltando com tudo com o Quadro, trago uma escritora que conheci há pouco tempo mas já se tornou uma grande amiga, e tem um futuro lindo pela frente: Tatiane Rodrigues.

Foi através do Hangout Especial - Meus livros, meu refúgio! que tive a oportunidade de conhecer a Tati, e sua lindíssima (e inspiradora) história de vida sobre seus esforços para tentar realizar seu sonho de publicar o livro Prospecto.

No final, ela descobriu que o livro será publicado pela Editora Arwen, e finalmente, seu sonho está próximo de se tornar realidade. Ela, sem sombra de dúvidas, nos trouxe uma baita lição de que a persistência torna o improvável em possível.

Com apenas 16 anos, a autora que vive no interior de São Paulo já mostrou sua garra, e pelo visto, chegou para ficar. Super querida e simpática, a Tati tem tudo para ser uma grandiosa escritora. Desejo muito sucesso no mundo literário!

1.      Como foi seu primeiro contato com a leitura?
Quando eu tinha onze anos e havia acabado de mudar de escola, minha professora de Língua Portuguesa chegou à sala de aula com uma pilha de livros de nossa biblioteca. Ela falara que quem terminasse a atividade, podia pegar um livro para ler e até leva-lo para casa. Corri para a pilha, vasculhando como se tentasse encontrar uma pedra preciosa, e achei “Reinações de Narizinho – vol. 1”, de Monteiro Lobato. A capa era linda e comecei a lê-lo na mesma hora. Por mais que já tenha lido muitos livros infantis, aquele me cativou de tal maneira que nunca mais parei.

2.      Quais autores são referências para o seu trabalho?
Sempre cito o trabalho da J.K. Rowling. Ela é uma inspiração para mim, pois, além de ser recusada por muitas editoras, jamais desistiu. Quando eu me desanimava, assistia à “Magia além das palavras” e via o quanto Joanne batalhara para chegar aonde chegou. Até mesmo a atriz que interpretara J.K, Poppy Montgomery falara: “O filme é uma história bonita e inspiradora. Você pode ter tido uma vida difícil e ainda assim transformar seus sonhos em realidade; o segredo é ter sempre força de vontade e determinação”. E eu me agarrava a isso com todas as forças.

3.      De onde veio a ideia para seu primeiro livro, Prospecto?
Sei que isso parece um dos clichês da literatura, mas foi através de um sonho. Nunca me lembro do que sonho a noite, mas aquele, em especial, estava nítido em minha mente quando acordei. E assim, pus-me a escrever. Achara a ideia fantástica e estava animada para continuar desenvolvendo-a. Sempre falo que aquele sonho teve um propósito, e espero estar cumprindo-o.

4.      Fale-nos um pouco sobre ele.
A história de “Prospecto” traz Daiane Campbell, uma adolescente de quinze anos que sonha em ser escritora, mas que acaba vivendo sua própria aventura fictícia. Descobre que possui um dom: viajar pelo Tempo. A partir de então, deixando os livros de lado, ela ingressa em um novo desconhecido: o mundo dos Guardiões. Mas quando esse universo está prestes a ruir, a leitora assídua se vê entre diversas encruzilhadas, incapaz de decidir à qual lugar pertence e se quer mesmo trilhar seu destino. Em meio à guerra, terá que descobrir: é realmente impossível vencer?

5.      Em quem você se inspirou na construção dos personagens?
As personagens foram criando-se sozinha em minha cabeça. Elas gritavam para serem ouvidas em minha mente, e eu apenas dei vida a elas. Não me inspirei em ninguém para escrevê-las, porém admito: muitas delas têm características de pessoas com quem convivo muito.

6.      Quanto tempo levou para escrever o livro?
Em torno de um ano e meio, ou dois anos. Comecei o livro com treze anos, e na época, eu sofria muito com a falta de incentivo. Quando iniciei “Prospecto”, não contei a ninguém sobre a estória, apenas para algumas amigas, com medo de que falassem novamente que não passava de um sonho bobo. Isso me prejudicou muito, e fez com que eu demorasse a finalizá-lo. Também demorei muito na revisão. Como fui evoluindo na escrita, sempre acabava voltando aos capítulos anteriores, refazendo-os e acrescentando algumas coisas.

7.      Quais dificuldades encontrou no processo?
Além dos mencionados acima, sou extremamente perfeccionista, e isso fazia com que nunca achasse que o livro estava bom (risos). Havia momentos em que eu parava a estória apenas para voltar aos capítulos anteriores e refazê-los. A insegurança também me atrapalhou muito. Eu tinha muito medo, até por ser uma escritora bem jovem, de que não ficasse bom ou de que no fim, fosse tudo em vão.

8.      Como você começou a escrever e quando?
Comecei escrevendo fanfics quando tinha onze anos. Na época, escrevia sobre animes que gostava muito: Naruto, Pokémon, Vampire Knight e depois, sobre Percy Jackson e Harry Potter. Eu estava olhando em meu computador, esses dias mesmo, e há mais de vinte e seis estórias diferentes! Eu postava-as em sites como o Spirit e o Nyah! e recebia muitos comentários. Muitas pessoas vinham falar comigo dizendo serem as melhores estórias que elas já leram, e que eu devia escrever um livro. E claro, foi como se o meu sonho de infância tivesse retornado com força total. Sentei-me no computador e pus-me a escrever.

9.      Para você, qual a melhor coisa em escrever?
Saber que você pode mudar o mundo. Nossas estórias podem passar diversas lições para as pessoas, mesmo que elas estejam por trás de uma ficção, e essa sempre foi a minha ideia. Com Harry Potter mesmo, aprendi muito sobre amizade, e isso fez com que eu visse o mundo com outros olhos. A leitura transforma as pessoas. Sou uma garota completamente diferente depois que conheci os livros. Eles foram meu refúgio, e saber que o meu livro também pode ser um “esconderijo” do mundo real para outras pessoas é indescritível. E quando você recebe mensagens maravilhosas de leitores, te motivando e dizendo que se identificaram com a sua história de vida? Não tem preço. É a melhor profissão do mundo.

10.       Qual seu objetivo como escritora?
Encantar pessoas. Sempre quis escrever para transmitir boas estórias, fazê-las sorrirem, rirem com as personagens e criar refúgios. Quando eu era pequena, já cogitei ser médica apenas para ajudar as pessoas. E agora, mesmo sendo escritora, tenho o mesmo objetivo. Os livros foram meu refúgio e mudaram a maneira de encarar o mundo. Quero abrir os olhos de muitas pessoas. Quero mostrar o que é sonhar e que não devem desistir. E claro, um dia, por mais que isso soe impossível, viver da escrita.

11.       Vi o Hangout em que anunciaram que você foi aceita na Editora Arwen. Conte um pouco sobre como conheceu a editora, e a importância de ter seu livro publicado por ela.
Conheci a Editora Arwen através da página no Facebook, e logo me encantei pelo seu trabalho. O lema da Editora é dar raízes aos nossos sonhos, e aquilo me encantou de tal forma que meu único pensamento foi “encontrei a minha casa”. Depois de conhecer as autoras, meu sonho de fazer parte dessa família foi só aumentando, e ela se tornou minha luz no túnel. Eu vendi balas, chicletes, fiz rifas, tudo para conseguir publicar e parecia um esforço em vão. A Arwen surgiu para me iluminar, sabe? Ela me deu esperança, e esse era um sentimento que eu não tinha há algum tempo. Eu estava desanimada, chateada e com medo. E então eles me deram essa notícia maravilhosa! Foi a realização de um grande sonho. Foi tudo e muito mais. E eu só tenho a agradecer por fazer parte dessa família. Porque a Arwen é exatamente isso: uma família.

12.  Deixe um recado para os leitores do Ser Escritor(a)

Eu gostaria de agradecê-los: por lerem essa entrevista, por apoiarem a Literatura Nacional e por fazerem com que nós continuemos escrevendo. E se você também quer seguir essa carreira, a minha dica mais valiosa é: não desista. Hoje, lembrando-me da época em que eu vendia balas e chicletes apenas para publicar Prospecto, parece até cômico. Eu falava “vou conseguir, vou conseguir, vou...” para mim mesma até aquilo se tornar um mantra. E então, apareceu uma luz no fim do túnel, quando achei que estava tudo perdido. Por mais que digam na sua cara que isso é impossível, eu te digo: nada é impossível. Persista, insista e lute. Assim como realizei meu sonho, você também pode realizar o seu. 

Sobre a autora: Facebook pessoal

E, claro, curtam a página da Editora Arwen e fiquem por dentro das novidades! 

Até a próxima, 
Juliana Rodrigues.