Éramos uma pequena família do interior. Não tínhamos nada na vida, a não ser nós mesmos, e por muitos anos, isso nos bastou. Os lagos eram de águas cristalinas, representavam a pureza que ainda existia em nossos corações enquanto crescíamos.
As folhas das árvores eram tão coloridas, que enchiam os olhos de esplendor. A minha favorita era o Ipê amarelo que ficava bem na porteira. Alta, de tronco marrom vívido e fino como um bambu. Os galhos que se estendiam pareciam uma bela cabeleira de mulher vaidosa: rica em cores. Detalhes tão impressionantes aos olhos, que nada passava despercebido.
O amarelo era tão intenso quanto a luz do Sol. E durante muitos anos, por mais que nada possuíssemos, o Ipê amarelo sempre foi nosso refúgio. Sempre foi o algo que não era nosso, mas de algum modo, nos pertencia.
Admirávamos a beleza que nele existia, e no desabrochar de suas folhas em toda Primavera. Era lindo de se ver. Lindo, lindo, lindo. Mas o tempo passou. E ele nos levou para outra direção. Vocês terão uma vida melhor, diziam. Vocês terão alguma coisa na vida. Algo pelo qual valha a pena viver. E nisso acreditamos.
Éramos uma pequena família do interior, que nada possuía a não ser sua bondade no coração. Éramos a família que não tinha tudo o que precisava para viver, mas vivia com aquilo que possuía, pois era o essencial.
Por muitos anos foi essencial, mas ali descobrimos que não cabia o amor que tínhamos no peito. A correria da cidade grande não permitia passagem para sentimento bom. Não, senhor! Tudo era pressa. Correria. Incompreensão. Já não conhecíamos mais nem a nós mesmos. Estávamos em outra selva. Metrôs sempre lotados. Correria para todo lado.
Trabalhar para ganhar a vida. Mas a vida já estava ganha, e eles desperdiçavam o pouco que tinham fazendo aquilo que não amavam. Para serem alguém na vida. Todos queriam ser alguém na vida. Mas tornavam-se apenas máquinas sem rosto em uma multidão.
Pareciam tão iguais, embora fossem diferentes. Em mim ainda habitava o velho sonho que tive um dia: de ser feliz com o pouco que tinha. A vida poderia até não ter dado muito à nós, mas sempre nos bastou o que possuímos um dia.
E ali, naquela selva de cidade, diziam que isso não era nada. Não havia importância nas pequenas belezas que sempre admiramos. Para onde levaram meu Ipê amarelo?
Por favor, o tragam de volta. Ele é o pouco que ainda me resta de esperança.
Cecília Albuquerque.
Oie,
ResponderExcluirnossa que texto bonito.
Adorei, muito diferente e sentimental.
bjos
http://blog.vanessasueroz.com.br
Olá!
ExcluirMuito obrigada! ♥
Eu sou carregada na subjetividade, rs.
Abraços.
Olá linda, como está?
ResponderExcluirAmei o texto, perfeito ♡♡
Aliás adorei seu Blog seguindo *-*
Beijocas; *
http://mundodosonhos2.blogspot.com.br/
Olá! Estou bem, e você?
ExcluirMuito obrigada! ♥♥♥
Abraços.
Belo texto!
ResponderExcluirFeliz natal.
http://jj-jovemjornalista.blogspot.com.br/
Obrigada!
ExcluirE um ótimo ano para nós.
Abraços.
Que texto lindo! *-*
ResponderExcluirBeijos
www.somosvisiveiseinfinitos.com.br
Obrigada! *-* ♥
ExcluirAbraços.
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirQue texto lindo <33
Beijos
@saymybook
http://saymybook.blogspot.com.br/
Oii!
ExcluirMuito obrigada, De!
Abraços.