Retirei do fundo de minha bolsa, Helena. A capa estava
empoeirada, mas seu estilo antigo me agradava mais do que a maioria dos livros
que via em livrarias.
Capas muito bonitinhas, mas tão inhas em conteúdo, que eu nem perdia mais meu tempo. Helena era
minha companheira que encontrei ao acaso na biblioteca, divagando sem rumo pela
seção nacional. Machado de Assis era meu refúgio para os dias mais vazios.
Gostava de me preencher com o que ele tinha a dizer, e foi numa dessas divagações
ao acaso, que encontrei Helena.
Timidamente em uma prateleira qualquer, atrás dos maiores
clássicos. Ali, perdida e tão pequena, com pouco mais do que 100 páginas para
contar sua estória. Assim como eu mesma, perdida na imensidão de meu ser.
Estava agora no ponto de ônibus esperando qualquer um que
passasse e pudesse me tirar daquele lugar. Existem dias que você quer tanto
sumir, que a idéia de encontrar qualquer pessoa é o maior pesadelo que se pode
imaginar. Mas naquele dia, dei a sorte de estar absolutamente sozinha no ponto.
Apenas eu, e Helena.
Era incrível a forma como mesmo sendo tão diferente de mim,
nos assemelhávamos nos detalhes mais banais. Bobagem a minha, como sempre era.
Me sentia tão confusa, e perdida, indecisa e tudo o que pode
ferrar sua mente que você possa imaginar. É difícil ser adolescente e não saber
como ajeitar a própria vida, apenas sabia que Machado conseguia de certo modo
me entender, sem ter entendido.
Confuso? Talvez sim, tudo é questão de perspectiva.
Talvez eu devesse reclamar menos para mim mesma, e agir de
modo diferente. Talvez pudesse deixar de ser tão temerosa, e encarar o futuro
com unhas e dentes. Ou talvez, pudesse simplesmente deixar de ser tão chata com
as pessoas importantes para a minha vida, e ser mais sensível. Maldita TPM!
O ônibus se aproxima do ponto, dou sinal com a mão. Só quem
vive dessa rotina diária pode saber o quão bom é ver seu ônibus chegando em
dias chuvosos. Esperar me angustia mais do que estar perdida.
Entro no ônibus frio, e jogo minha mochila pesada em um
banco, sentando no do lado. Eu ainda acabaria ferrando minha coluna daquele
jeito.
Limpo o vidro embaçado com a manga de meu moletom. Apreciar
a paisagem em dias chuvosos dentro de um ônibus só ajuda a pensar mais e trazer
toda a confusão a tona. Talvez eu deveria me concentrar em escolher logo uma
faculdade, e estudar para passar nela. Ou simplesmente, fazer cursos até lá.
Poderia comprar uma casa em outra cidade, e arranjar um novo
emprego. A idéia era tentadora, já estava cansada da mesmice do cotidiano.
Ali, enquanto passávamos na frente da Catedral, o vidro
semi-aberto da janela gotejava em minha cabeça, e eu só conseguia temer pelo
futuro incerto, enquanto em meus braços, segurava uma Helena molhada pela
chuva.
Pobre Helena!
Que cronica perfeita *--* obs:no começo do seu texto faltou uma virgula entre bolsa e Helena...Eu pensei que Helena era a marca da bolsa kkkk
ResponderExcluirKkk, obrigada por me notificar, já estarei arrumando ;)
ExcluirAbraços.
Gostei do texto, Ju... Nunca li Helena, não sei do que se trata, mas achei bonito como o livro não te deixou tão solitária quanto pensou que gostaria de estar - uma outra forma de solidão, não?
ResponderExcluirHahah, Machado de Assis sempre me acalma a alma (embora eu me sinta mais confortável lendo um bom e velho livro da Agatha Christie). Exatamente isso, mas estar na companhia de livros pode ser um bom remédio ;)
ExcluirAbraços.
Amei o seu texto Ju! Gente, eu escrevo um blogue sobre cronicas, por favor visitem o meu blogue e comentem! Vamos por favor! Ajudem uma escrutora iniciante! Façam meu sonho se tornar realidade! Pelo menos, me ajudem!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEsse é o link do meu blogue:vouserescritora.blogspot.com
ResponderExcluirPor favor
Visitarei sim *-*
ExcluirAbraços.