Chovia do lado de fora.
As paredes da casa dele demonstravam muito bem isso. Entrei na cozinha,
fechando meu guarda-chuva encharcado. Coloquei-o ao pé da mesa. A casa estava
em um silêncio assustador. Eles haviam saído, mas sabia com toda a certeza que
aquele que eu estava procurando, se encontrava ali.
Guardei as chaves da
casa que ele me havia dado. Me dissera que eram para os momentos em que mais
precisasse, e, embora tivesse me pedido para deixa-lo sozinho àquela noite, não
pude me conter.
Ele precisava de mim. E
eu precisava fazer com que ele ficasse bem.
Joguei minha bolsa
sobre a mesa, e caminhei pelo corredor deserto. Seu quarto era no final. A
porta fechada era um convite para que eu me afastasse, mas não havia chegado
até ali em vão.
Minha mão direita
pousou sob a maçaneta, e com a ajuda da esquerda, abri em um pequeno empurrão a
porta, fazendo um leve ranger.
- O que faz aqui? –
perguntou ele ao me ver, tirando brevemente os olhos de seu livro.
Creio eu que Nietzsche para estressados era uma ótima
opção para o estado no qual ele se encontra.
- Vim porque sou sua
amiga. – respondi, empurrando a porta atrás de mim. – E também, porque me
importo.
- Não finja que se
preocupa. – respondeu ele, áspero. – Você sabe muito bem que as pessoas não
fazem nada em amor ao próximo, se isso não for beneficiar primeiro a si mesmas.
– Ele parecia firme em suas palavras, mas pude perceber pela forma trêmula como
segurava o livro, que estava nervoso.
Revirei os olhos,
pedindo às forças maiores do Universo que me acudissem. Estar com ele me
causava um sentimento misto entre dar-lhe um belo tapa em sua face, ou
simplesmente abraçá-lo, como se esse gesto pudesse livrar nossas almas do
sofrimento que nos cerca.
Sentei na beirada da
cama, apenas encarando-o.
Havia mudado pouco
desde a última vez que o vi. Seu cabelo estava bagunçado. Em seu queixo pendiam
alguns pelos da barba mal feita. Percebi que suas mãos continuavam a tremer.
Tomei-lhe o livro, colocando-o sob o criado-mudo, onde uma xícara de café se
encontrava.
Toquei com a ponta de
meus delicados dedos sua enorme e fria mão.
Ele não pareceu recuar
ao gesto, apenas olhou para o outro lado, tentando se conter do nervosismo.
- Por que estás assim?
– perguntei fazendo o som de minha voz parecer alto no quarto silencioso.
Ele nada respondeu.
Apenas virou seu olhar para mim.
Me aproximei dele, meu
quadril ficando na altura de sua cintura. Meus dedos subiram delicadamente por
seu tórax, formando uma dança por seu corpo. Coloquei uma mão sob seu pescoço,
massageando-o.
Nossos olhos se
encontraram. Nossas vozes teimavam em fazer reinar o silêncio. Me aproximei de
si. Minha outra mão pousava em seu peito, sentindo as batidas aceleradas de seu
coração. Podia sentir seu respirar lento e quente. Seu lábio carnudo me atraia
terrivelmente, e, num súbito momento corajoso, me peguei fazendo algo jamais
imaginaria.
Beijei-o!
Primeiramente, nossos
lábios se roçaram de maneira tímida, tentando se encaixarem. Ele resistiu de
início, mas logo se rendeu ao desejo que também lhe consumia.
Suas mãos me agarraram
por minha fina cintura, levando-me para mais perto de si.Minhas pernas
enlaçaram-o de forma tímida, fazendo-o parar o beijo para me encarar.
Seus olhos castanhos
brilhavam intensamente, de uma forma a qual eu nunca tinha visto antes.
Retribuí o olhar de forma meiga e apaixonada.
Ele me puxou para perto
de seu peito com um dos braços, enquanto o outro acariciava minha nuca, seus
dedos subindo para minhas madeixas.
Nossos lábios se
encontraram novamente, desta vez mais acostumados com o outro, mas ainda assim,
cheios de desejo.
Socorro! Que maravilhosoo! Adorei.. Vc escreve mto bem !!
ResponderExcluirOiie! Muito obrigada mesmo, viu <3
ExcluirHeheh, até mais.
Beijos.
cadê vc? esqueceu do blog, eu gostaria que me tirasse uma duvida ,qual a diferença de cronica e conto
ResponderExcluirOii... abandonei o blog não, kk.
ExcluirSeu comentário me inspirou uma postagem: http://ser-escritora.blogspot.com.br/2014/06/cronica-e-conto-qual-diferenca.html
Abraços.