Desci a serra. O sol já se anunciava. As ondas do
mar vinham à toda intensidade em minha direção. Havia dormido mal, mas o que
não faço para um pouco de refúgio?
As olheiras pesavam em meus olhos, como duas bolsas
inchadas e vergonhosas de se mostrar. Não me importava naquele momento, só que
a brisa que irradiava em meu cabelo me fazia sentir uma sensação inexplicável.
Coloquei os fones de ouvido. Liguei na música a qual
não gostava até então, mas tinha tudo a ver com aquele clima.
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Senti uma sensação de vazio me percorrendo o
estômago. Tudo era tão mais simples quando nos conhecemos. As sensações
românticas que nunca passam. A primeira vez que fomos àquela mesma praia
juntos. Lembra-se?
Eu, uma simples garota que não tivera nenhum
namorado antes. Lembro que estava usando uma blusa regata branca com um
shortinho curto. A alça de meu biquíni se anunciava embaixo da blusa
translúcida. Era florido, e representava as cores do nosso amor.
Você, com aquele seu jeito de garoto desleixado,
bagunçava as madeixas loiras com uma das mãos, enquanto a outra me enlaçava
pela cintura, se aproximando para mais um beijo. Sua camiseta branca e sua
bermuda jeans. Como esquecer daquela mancha de sorvete que eu desastradamente
derrubara?
Então, me encarando com aquele olhar que só você
consegue (daqueles que penetram em seus olhos e remexem com tudo de bom que há
dentro de si, causando sensações únicas e maravilhosas), nos sentávamos
próximos de uma rocha qualquer, e você tocava violão para mim, minha música
favorita de uma banda de rock nacional.
O mais destrutivo das lembranças, não são as
memórias ruins. Brigas, discussões, tudo isso faz parte, e talvez tenham sido mais
um dos motivos que nos separaram. Mas o que me corrói por dentro é saber que
vivemos tantos momentos lindos juntos... que jamais voltarão. Não tem mais
jeito. Você se foi. Não dessa vida para uma melhor, mas desse país para outro.
Perseguindo seu sonho de estudar em uma renomada universidade.
Você fez o certo. Eu em seu lugar não teria pensado
duas vezes, mas aquela saudade ainda bate no peito e teima em me incendiar.
Sei que onde quer que esteja, ainda deve pensar em
mim. Deve lembrar-se de nós, mas talvez sem aquele amor todo de antes. Será que
pensa pelo menos com carinho? Espero que sim.
Desci para a praia com meus pés descalços, e a mesma
roupa que eu havia usado na primeira vez. Trouxe também seu violão, o qual
deixou comigo como lembrança.
O andar na areia me lembrava o nosso andar, quando
ainda caminhávamos na mesma direção. Sentei em uma rocha qualquer, e comecei a
tocar a minha música favorita de uma banda de rock nacional.
Em meu peito habitava a saudade. Meu coração clamava
por você. O último acorde da música não foi um adeus. Foi apenas a sensação de
que ficaríamos juntos novamente.
Não importavam quantos caras passaram por minha
vida, quantos ainda passarão. Sei que em algum lugar, em algum dia
descontraído, voltaríamos a nos reencontrar.
Essa era a esperança que ainda perdurava em meu
peito... só não sabia até quando.
Muito bonito o seu texto.
ResponderExcluirGostei bastante.
Acho muito bonito quem tem o dom de fazer poesias e crônicas.
http://lisos-somos.blogspot.com.br/
Olá Déborah! Muito obrigada <3
ExcluirBeijos.
Que bonito e poético <3
ResponderExcluirObrigada Anônimo :3
ExcluirBeijos.