09/03/2016

O Teu Riso - Pablo Neruda


Tira-me o pão, se quiseres, 
tira-me o ar, mas 
não me tires o teu riso. 

Não me tires a rosa, 
a flor de espiga que desfias, 
a água que de súbito 
jorra na tua alegria, 
a repentina onda 
de prata que em ti nasce. 
A minha luta é dura e regresso 
por vezes com os olhos 
cansados de terem visto 
a terra que não muda, 
mas quando o teu riso entra 
sobe ao céu à minha procura 
e abre-me todas 
as portas da vida. 

Meu amor, na hora 
mais obscura desfia 
o teu riso, e se de súbito 
vires que o meu sangue mancha 
as pedras da rua, 
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos 
como uma espada fresca. 

Perto do mar no outono, 
o teu riso deve erguer 
a sua cascata de espuma, 
e na primavera, amor, 
quero o teu riso como 
a flor que eu esperava, 
a flor azul, a rosa 
da minha pátria sonora. 

Ri-te da noite, 
do dia, da lua, 
ri-te das ruas 
curvas da ilha, 
ri-te deste rapaz 
desajeitado que te ama, 
mas quando abro 
os olhos e os fecho, 
quando os meus passos se forem, 
quando os meus passos voltarem, 
nega-me o pão, o ar, 
a luz, a primavera, 
mas o teu riso nunca 
porque sem ele morreria.

(Poma bom merece ser compartilhado. Não se esqueçam de comentar e compartilhar com seus amigos, hein! Abraços, Ju) 

4 comentários:

  1. Oi Juliana, sei que este tema não tem nada a ver com este post, mas você pode me dar uma opinião sobre um nome. A personagem é assessora de uma cantora. (Vi seus posts sobre nomes, mas ainda tenho dúvidas)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Posso te ajudar, sim. Mas me mande sua dúvida por e-mail, pode ser? Lá é bem melhor para eu te dar uma ajuda melhor e completa.
      ser-escritora@outlook.com.br

      Abraços.

      Excluir