16/08/2015

Entre aspas: Conto - Uma espinha, por Ramires Fascine


           Dois dias depois de completar dezesseis anos. E um dia antes, um primeiro encontro. – Eduardo estava desesperado. Após levantar-se da cama, vestir-se e dirigir-se ao toalete, contemplava estupefato, perante o espelho a face nua que na noite anterior recordava lisa e sem nenhuma imperfeição, a qual apresentava agora uma oscilação, que em sua opinião equivalia quase a uma elevação vulcânica: Uma espinha.
Felizmente quanto aos estudos no colégio, estava dentro da semana de férias anuais de julho. Não precisaria se preocupar com os comentários inoportunos ou os apontamentos e perguntas do tipo. – Nossa que espinha enorme. – Credo isso está horrível. Entre outras mais, provocações e zombarias... No entanto, por outro lado, tinha já definido e agendado um encontro.
– O que fazer. Tímido e receoso por natureza e agora para sobrecarga da beleza com uma espinha enorme no rosto... ­– Como seria sua aparição junto à garota no dia seguinte, pensava. Já estava tudo acertado que tomariam um café juntos. Convite esse que ele fez, depois de muitos rodeios e tentativas infundadas de ir falar com ela. E agora depois de todo o esforço como que apareceria com aquilo no rosto?
– Conclui consigo, por fim, que ela não poderia vê-lo de modo algum daquele jeito. Precisava e devia fazer algo. – E fez. Massageou. Passou creme. E pôs em prática demais receitas ouvidas, assistidas e pensadas. Empregando todo o dia ou a maior parte deste, procurando remove-la ou de algum modo oculta-la.

– Tudo em vão. Como confirmou na aurora seguinte em frente ao espelho. Ela estava ali fixa e resistente ainda maior agora e mais impertinente que antes. Para sua inútil preocupação e desespero sua fiel companheira permanecia consigo, mais do que era de gosto seu como proprietário.
Já não havia o que fazer precisava tomar uma medida um pouco mais brusca. – E tomou. Espremeu-a, descontando toda sua raiva e ódio. – E outra fez em vão. Como resultado viu-se pior do que antes com aquilo inflamado e protuberante lhe parecendo em sua visão exagerada uma nova cratera descoberta na lua.
– Permaneceu ali estático e por um tempo. E por fim resignado e sem ter o que fazer com ela. Preparou-se e saiu para o fatídico encontro. Já atrasado por sinal, pois o tempo e a preocupação em demasia dedicados com a espinha, fizeram com que ele perdesse mais tempo do que convinha e tinha para a ocasião.
E logo o amor que se existia estava principiando num tenro arraigar de raízes. Não resistiu a tempestade e caiu ao primeiro vento de palavras ásperas: 
– Estou a vinte minutos esperando. Disse ela quando o viu. – E essa vermelhidão em seu rosto só pode ser por que estava com outra. - Acrescentou já se alevantando.
Desta forma, antes que ele pudesse dizer algo, ela já estressada pelo tempo de espera. Bateu a xícara vazia na mesa. Pegou a jaqueta e lançou ao ombro. Tendo o cuidado de antes de sair, lançar nele um olhar de reprovação e proferir as seguintes palavras: 
– Eu odeio esperar.
E assim nosso personagem que mal havia chegado ergueu-se pouco depois e também saiu. Com o rosto desanimado contemplou-se a caminho de casa em uma vitrine qualquer, e viu que a espinha já tinha quase desaparecido da face por completa. E logo, bem menos abatido. 
Voltou mais aliviado para casa.

Para contato com o autor: ramiresfacine@outlook.com

12 comentários:

  1. Oi, Ju! Gostei do conto, agora teve uma coisa que me incomodou um pouco: a pontuação. De qualquer forma, acho que a autora tem potencial, ele só precisa ser mais trabalhado :)

    Beijos,
    www.naestradadafantasia.com

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    1. Olá, Mari!

      Eu esqueci de pedir a autorização do autor para fazer essas pequenas alterações, rs.

      Até mais.

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  2. Gostei do conto. Histórias do cotidiano me fascinam.

    http://www.jj-jovemjornalista.com/

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    1. Olá!

      Existe uma certa beleza no cotidiano.
      Cada momento dá um belo conto, nós é que na correria não percebemos.

      Abraços.

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  3. conto bem legal e engraçado gostei muito
    beijos
    www.estilopropriobysir.com

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  4. Oi, Juliana

    Nossa, o que pode fazer uma espinha! hahahaha
    Ainda bem que nunca tive esse problema, mas deve ser horrível quando aparece uma espinha daquelas em um dia importante!!

    Beijo
    - Tamires
    Blog Meu Epílogo | Instagram | Facebook

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    1. Olá!

      Eu tive/ tenho, mas espinhas são o terror da adolescência, haha.;

      Abraços.

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  5. Nem me fale de espinhas! hauahuahuah
    Gostei do conto!

    Bjinhos
    JuJu
    As Besteiras Que Me Contam

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  6. Obrigado a todos que leram e que apreciaram o conto. Obrigado também a atenciosa administradora do blog, por ela ter feito a postagem.
    Abraço.
    Ramires Fascine!

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