17/08/2016

Meu anjo perdido


Pois então,
os nossos olhos se cruzaram por uma última vez.
A tinta fresca secou em minha pintura.
A bolha de água se desfez com o vento.
A borboleta pousou em meus dedos, e ali fez sua morada.

Pois então,
a nossa melodia descompassada.
A árvore crescia, e suas folhas ainda não davam flor.
O sorvete de creme se derretia em teus lábios.
As luzes da cidade piscavam de cor.


Pois,
imersos estávamos em nosso meio.
As cores de azul, verde e amarelo.
A gritante ordem em nossa bandeira.
E a falta do progresso.

Pois estávamos a beira-mar.
A balsa nos encantava.
A montanha nos encantava.
A nuvem tão branca nos encantava.
O céu brando nos encantava.
E o Sol nos escondia em sua magistral espectar.

Sabe,
O dia rejuvenescia minhas preces.
Nossos corpos ainda dançavam em sincronia.
Mas não por tanto tempo.

A coroa de flores caía de minha cabeça.
E encontrava-se despedaçada no chão:
meu all star branco estava manchado,
a fumaça do café embaçava minha visão,
o nefasto destino o tirou de minhas mãos.

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