Aqui chegamos, Maria!

Aqui chegamos outra vez, Maria!
Mas,
nada está como antes.
Eu,
que outrora lhe reclamava
as dores venho aqui
trazer o desfecho
para a incógnita
que em aberto deixei.


Maria, Maria,
que muito tem me aturado,
que com suas mãos
tem me guiado,
que me levantou do chão,
e acolheu-me em teus braços.

Veja só, Maria
Eu me perdi
no meio do caminho.
Perdi a escrita
que antes tinha,
e ganhei esta
no lugar.

Perdi tanto
tentando ganhar,
e ganhei
quando já não havia
esperança mais.

Aqui chegamos, Maria!
O marasmo
saiu do meu pé,
embora meu lirismo
seja trágico até.

Aqui chegamos, Maria!
Com muita luta,
que nossas mãos
calejadas em dor,
hoje carregam
a marca de nossa vitória.

Veja só, Maria!
Você que tem sido
minha guia,
e permitiu
que meu destino
desse tantas voltas,
até eu me encontrar
outra vez.

Aqui chegamos, Maria!
E permeadas de dor
e exultante alegria,
nos despedimos de um ano
que marcou intensamente,
e com sua volúpia,
se foi.

Aqui chegamos, Maria!
Perdemos tanto,
mas olhe só
o quanto ganhamos.
Poderia reclamar
das negatividades da vida,
mas prefiro agradecer
as coisas boas
que vieram.

Aqui chegamos, Maria!
Aqui chegamos!
Nesta vida somos passageiros,
para onde ela nos levará
desta vez?

Cecília Albuquerque. 

Coisas que precisam ser ditas: Cecília é poetisa e musa interior que vive dentro de mim. Assino alguns poemas como Cecília, pois me sinto mais liberta desse modo.

Sobre o poema: No começo do ano, escrevi E agora, Maria?, e, passando por ele dias atrás, vi a necessidade de criar este desfecho para a incógnita que estava em aberto. Espero ter atingido o objetivo. E um feliz ano novo para todos!