09/11/2015

Cecília Meireles: 51 anos sem a poetisa


Hoje faz 51 anos desde que Cecília Benevides de Carvalho Meireles (sim, eu pesquisei o nome completo no Wikipédia.), deixou nosso mundo. Ela, que foi - e ainda é - um dos grandes nomes da literatura nacional, minha Musa inspiradora em poemas, dona de uma sensibilidade admirável sobre o mundo.

Para quem já teve a sorte de se deliciar com um de seus poemas, entende a leveza à alma que boa parte deles trazem. Alguns, podem até mesmo nos levar à reflexão e a pensamentos tristes pela profundeza de significados que carregam, mas todos, são especiais a seu modo.

Quer conhecer um pouco do trabalho dela? Selecionei meus poemas favoritos para vocês!

Pássaro da Lua 

Pássaro da Lua, 
que queres cantar, 
nessa terra tua, 
sem flor e sem mar?

Nem osso de ouvido, 
pela terra tua. 
Teu canto é perdido 
pássaro da lua... 

Pássaro da lua, 
por que estás aqui?
Nem a canção tua 
precisa de ti. 


Cântico VI

Tu tens um medo: 
Acabar. 
Não vês que acaba todo o dia. 
Que morres no amor. 
Na tristeza.
Na dúvida. 
No desejo. 
Que te renovas todo o dia. 
No amor. 
Na tristeza. 
Na dúvida. 
No desejo. 
Que és sempre outro. 
Que és sempre o mesmo. 
Que morrerás por idades imensas. 
Até não teres medo de morrer. 

E então, serás eterno. 


Retrato 

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos vazios, 
nem o lábio amargo. 

Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração
que nem se mostra. 

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face? 


Cântico XIII

Renova-te. 
Renasce em ti mesmo. 
Multiplica os teus olhos, para verem mais. 
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo. 
Destrói os olhos que tiverem visto. 
Cria outros, para as visões novas. 
Destrói os braços que tiverem semeado, 
Para se esquecerem de colher. 
Sê sempre o mesmo. 
Sempre outro. Mas sempre alto. 
Sempre longe. 
E dentro de tudo. 


Cântico II

Não sejas o de hoje. 
Não suspires por ontens. 
Não queiras ser o de amanhã. 
Faze-te sem limites no tempo. 
Vê a tua vida em todas as origens. 
Em todas as existências. 
Em todas as mortes. 
E sabes que serás assim para sempre. 
Não queiras marcar a tua passagem. 
Ela prossegue:
É a passagem que se continua. 
É a tua eternidade. 
És tu. 


Gostaram? Já conheciam algum poema de Cecília Meireles? Quero saber o favorito de vocês, hein! 

Até a próxima, Ju Rodrigues. 

6 comentários:

  1. Amo essa escritora.
    Conheci melhor na faculdade de Letras e sempre me encanto com seus escritos.
    Muito bom vê-la aqui.,
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  2. Mui belo Juliana. Toda poesia é átomo de vida.

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  3. Uma grande autora. Palmas para a literatura nacional!

    http://jj-jovemjornalista.blogspot.com.br/

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