19/01/2017

Epifania de Quinta: Diálogos de uma cafeteria em uma tarde chuvosa

Chovia lá fora. Chuva que remetia ao inverno, em pleno verão. Bancos altos alinhados ao balcão, e cadeiras baixas ao redor das mesas. Os dois se encaravam, não sabendo se alternavam entre conversar ou terminar de comer o que haviam pedido.

Ela, escritora iniciante, mas com a mente cheia. Ele, escritor mais experiente, interessado no que ela havia a dizer.

- O que te inspira a escrever? - ele começou.
- Tem dia que me sinto vazia, mas as vezes, transbordo dentro de mim. Hoje mesmo, me sinto completa. A chuva sempre me traz a inspiração necessária. 
- Você sente que tem algo a dizer ao mundo?
- Acredito que sim. Escrevo pois existe algo além de mim a ser mostrado, mas ainda não descobri o que é. E estou procurando!
- E você se entrega a escrita sem medo?
- Me inibo, vez ou outra, mas sigo meu chamado.
- Qual o sentimento mais nobre?
- O amor. Se entrega quem pode, e quem o vive em intensidade, chega ao ápice da vida. 
- Você já amou, algum dia?
- Já amei por dois!


Ele fez uma pausa. Mas logo retomou.

- E o que seria um sonho para você?
- Fazer as pessoas refletirem na beleza da vida, através de minhas palavras.
- E o seu maior medo?
- Que minha nação se perca em devassidão.
- O que é, para você, o silêncio?
- É a quietude da alma. Veja bem: ao meu redor pode estar barulhento, mas se meu íntimo está calado, então ali habita o silêncio. 
- O que é a imaginação?
- Permitir que a mente viaje pelos abismos mais obscuros, procurando por um ponto de luz.
- Como foi o sonho mais estranho que você já teve?
- Não sei definir. Cada dia tenho um sonho estranho diferente, e um me assombra mais do que o anterior.
- De onde vem o nosso desejo de criar algo?
- Da necessidade de deixar uma marca no mundo, de se fazer útil, e quiçá, ser a diferença para alguém.
- Qual é a função da arte?
- Encher-nos de esperança e cor! A arte renova a vida! 

Um comentário: